Os países que integram o grupo Brics concordaram que não estão alinhados a sanções “unilaterais” adoptadas contra o Irão, medidas que ameaçam elevar os preços globais do petróleo e podem resultar em interrupções no fornecimento, afirmou, esta Quarta-feira, o ministro do Comércio da África do Sul, Rob Davies.
O país reduziu a sua dependência da compra de petróleo do Irão, quinto maior exportador mundial, e está a tentar de maneira pro-activa diversificar as suas aquisições, afirmou Davies à Reuters, no intervalo duma cúpula do Brics na capital indiana.
O grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul reúne-se na capital indiana no meio da pressão ocidental para reduzir as importações de petróleo como parte das sanções adoptadas devido às suspeitas de que o país estaria a construir armas nucleares.
A China e a Índia são os maiores compradores de petróleo iraniano. “Acho que todos concordamos com a proposta, a terminologia adoptada, de que se há sanções do Conselho de Segurança da ONU então estamos todos vinculados a elas. Mas se há sanções adoptadas unilateralmente por outros países, elas não deveriam aplicar-se a nós”, disse Davies depois duma reunião de ministros do Comércio do Brics.
Sem romper laços
Até o momento, a China e a Índia resistiram publicamente aos pedidos dos EUA para redução de importações do petróleo iraniano.
Os EUA isentaram o Japão e dez nações da UE das sanções financeiras porque eles reduziram as suas compras, mas a Índia e a China ainda sofrem o risco de tais medidas.
No encontro dos Brics, esta semana, durante o qual espera-se que os países lancem um plano conjunto para um banco de desenvolvimento, o ministro do Comércio da Índia, Anand Sharma, disse que o país não pode simplesmente “romper” os laços com o Irão.
O seu colega chinês, Chen Deming, disse que a China não “é obrigada a seguir nenhuma lei doméstica ou regras de nenhum país em particular”.
“Se os preços continuarem a subir, definitivamente não será boa notícia para os Brics, assim como para outros países no mundo”, disse ele aos repórters no encontro, acrescentando que os altos preços poderão afectar a recuperação da economia global.
A África do Sul não importou petróleo do Irão em Janeiro, de acordo com dados de comércio e alfândega, o que sugere que a maior economia do continente africano está a atender aos apelos norte-americanos.