A Organização das Nações Unidas estimou nesta terça-feira que mais de 9 mil civis já morreram na Síria em um ano de repressão do governo aos manifestantes que se opõem ao presidente Bashar al-Assad. Houve um aumento de quase mil mortes desde a estimativa anterior.
“A violência na região continuou sem cessar, resultando em um grande número de pessoas mortas e feridas”, afirmou o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Robert Serry, ao Conselho de Segurança da organização, formado por 15 nações.
“Estimativas credíveis colocam o número total de mortos desde o início da revolta, há um ano, em mais de 9 mil”, disse ele.
“É urgente parar o confronto e evitar uma escalada da violência do conflito.” A estimativa anterior da ONU era de que mais de 8 mil civis haviam morrido. Serry também falou sobre o anúncio de Kofi Annan, enviado da ONU e da Liga Árabe à Síria, nesta terça-feira, de que o governo sírio havia aceitado o plano de paz com seis pontos proposto pelo ex-secretário-geral da ONU.
“Agora são necessárias medidas imediatas do governo sírio com relação aos seus compromissos e para demonstrar ao povo sírio que eles estão prontos para cessar a violência e para um processo político, questões sobre as quais (Annan) também falará com a oposição”, disse Serry.
Num raro momento de união internacional, Rússia e China concordaram com o restante do Conselho de Segurança da ONU para apoiar os esforços de Annan de colocar fim ao conflito e endossar o plano de paz de seis pontos. Rússia e China já vetaram duas propostas de resoluções que condenavam a tentativa de Assad de reprimir a oposição com o uso da força militar, mas concordaram em apoiar a declaração do conselho da semana passada, no que os diplomatas ocidentais disseram ter sido um golpe diplomático ao governo sírio.
O embaixador marroquino na ONU, Mohammed Loulichki, o único representante árabe no conselho atualmente, reagiu com cautela ao anúncio de Annan. “Se o senhor Kofi Annan disse que recebeu uma resposta positiva, temos que ver essa resposta, e acho que todos irão avaliá-la”, disse ele a repórteres.
O embaixador alemão, Peter Wittig, se mostrou cético. “A Síria tem uma história de lacunas de credibilidade”, afirmou. “A Declaração Presidencial que adotamos na semana passada contém um apelo muito claro para que os sírios detenham a violência, interrompam os avanços, parem de usar armas pesadas e comecem a recuar.” “Não temos visto isso em solo”, disse Wittig.
Assad prometeu no ano passado ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que iria suspender as operações militares contra os manifestantes civis, mas suas forças de segurança continuaram a esmagar manifestações contra o governo em todo o país.