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Constantes apagões na cidade de Maputo

Os clientes da Electricidade de Moçambique devem processá-la por violar a Constituição e a Lei de Defesa do Consumidor

Desde que se registou um incêndio numas das subestações da Electricidade de Moçambique (EDM), algures na cidade de Maputo, alguns bairros da capital moçambicana debatem-se com cortes sistemáticos da corrente eléctrica. Durante a semana passada os bairros Polana Caniço, Coop, Alto-Maé, Polana Cimento, Bairro Central, cidade da Matola, e outros bairros da cidade e província de Maputo estiveram largas horas sem corrente eléctrica. Alguns destes bairros ficaram mesmo dois dias sem energia.

O primeiro corte, aconteceu por volta das 21 horas da quinta-feira (22), deixando os moradores às escuras. Logo depois do corte sem nenhum aviso prévio, os afectados tentaram sem sucesso ligar para o piquete (atendimento ao cliente). Quando ligassem não eram atendidos, mas depois de muita insistência foram atendidos, passavam 23 horas. Como sempre, o agente que ousou atendê-los disse na altura que os técnicos da EDM far-se-iam aos locais sacudidos pelos apagões o mais rápido possível, o que não chegou a acontecer. Tendo aparecido no dia seguinte, sexta-feira.

Curiosamente estes cortes da corrente eléctrica nalguns bairros da cidade de Maputo, aconteceram numa altura em que os engenheiros e técnicos oriundos de todo o país reuniam-se no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, para fazerem o balanço das actividades da empresa Electricidade de Moçambique referentes ao ano passado. Enquanto eles (os dirigentes), batiam palmas e bradavam os céus de tanta euforia desnecessária, os seus clientes choravam uma vez mergulhados na escuridão que ao que parece vai prevalecer até os próximos seis meses, segundo o novo Presidente do Conselho de Administração da EDM, Augusto de Sousa Fernando.

“O incêndio que se verificou há dias na subestação número 5 na cidade de Maputo, está a criar sérios problemas no abastecimento da corrente eléctrica. A iluminação dos bairros afectados é graças a medidas alternativas e provisórias, enquanto não se fizer a reposição definitiva do material danificado”, afirma para depois acrescentar que este problema cuja solução só pode se vislumbrar nos próximos seis meses, vai provocar cortes e oscilações constantes da corrente eléctrica.

O público revoltado com a EDM

Os moradores da cidade de Maputo, sobretudo os afectados pelos cortes de energia, pouco se preocupam com as causas da origem da explosão na subestação em referência. Eles vêem esses apagões na perspectiva do impacto que isso pode ter nas suas vidas, estão sim preocupados com os seus electrodomésticos na iminência de serem danificados devido aos cortes repentinos, são quantidades consideráveis de produtos alimentares votados à putrefacção, por não haver como conservá-los.

“Na semana passada e perante aquele corte de dois dias, todos os produtos alimentares perecíveis que estavam na geleira e congelador apodreceram. Aqui em casa fizemos o rancho mensal, compramos carne, peixe, frangos e não só. Todos eles estragaram-se por terem ficado quase três dias fora da conservação”, conta Nádia da Silva de 24 anos de idade e moradora do bairro Alto-maé.

Esta cliente disse que logo depois do corte tratou de ligar para o piquete o que também foi replicado por tantas outras famílias que passaram horas a fio desprovido da corrente eléctrica. “Quando ligávamos não atendiam, só depois de aproximadamente três horas é que fomos atendidos ainda que mal, pois o agente com quem falávamos despachava-nos e prometia que os técnicos desdobrariam-se ao local rapidamente, o que não passou de uma mentira. Aliás, uma equipe técnica composta por 5 agentes se fez ao local na noite do dia seguinte e nem sequer traziam lanternas ou candeeiros para poder iluminar onde se registou o problema”, ajunta.

Nádia contou-nos que os moradores afectados tiveram de usar as suas viaturas para iluminar, facto que deixou a percepção de quão desorganizados são os electricistas da EDM. Como se justifica que os tais técnicos apareçam sem ao menos uma lanterna para poderem realizar os seus trabalhos, aliás sabiam que era noite e a zona do alto-maé estava às escuras.

Abriram crateras que podem degenerar em desgraças

Ao longo da Avenida Guerra Popular mais para o lado de cima próximo ao mercado informal Estrela Vermelha, os técnicos da Electricidade de Moçambique abriram duas enormes covas no passeio onde procuravam identificar os problemas nos cabos subterrâneos.

No interior dessas crateras vêem-se cabos eléctricos que semeiam um clima de intranquilidade na via pública. Alguns fios eléctricos não têm revestimento plástico deixando um iminente perigo de electrocussão, pois os peões e sobretudo as crianças que movidas pela inocência vão saltitando de um e de outro lado dos enormes buracos o que pode provocar desgraças a qualquer altura.

Não deixa de ser curioso o facto de o ex-PCA da EDM ter cessado funções duas semanas depois do registo do incêndio na subestação número 5 algures na cidade de Maputo. Uma das questões que pairam no ar, é se o incêndio terá ou não precipitado a suposta queda de Manuel Cuambe, não haverá aqui uma relação causa-efeito. A verdade está no poder dos deuses e continuam revestidos de mistérios.

 

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