Os palestinos da Faixa de Gaza estão a enfrentar uma crise de abastecimento de combustível, com a falta de gasolina nos postos provocada por uma disputa entre o Egito e o Hamas.
Os táxis são uma raridade e os passageiros lutam. O governo determinou que os funcionários públicos que tenham carros dêem boleias nas ruas.
O serviço médico de emergência de Gaza reduziu à metade o número de ambulâncias que circulam pelas ruas.
Pelo menos um hospital cancelou as operações não essenciais a fim de economizar a energia do gerador.
“Os nossos líderes estão a brincar, enquanto somos fritos no fogo da pobreza e da divisão. Estamos de volta à Idade Média”, disse o estudante universitário Abed Mohammed, de 21 anos.
No mês passado, o Egito começou a restringir o fluxo de combustível destinado a Gaza que utiliza uma rede de túneis de tráfico sob a fronteira.
A única usina de Gaza ficou sem combustível para os seus geradores, provocando apagões que afectam quase dois terços da população do enclave de 1,7 milhão de habitantes.
O Egito prefere enviar combustível por meio da passagem de Kerem Shalom, controlada pelos israelitas, citando os antigos acordos internacionais que limitaram o uso do terminal egípcio de Rafah com Gaza para o movimento de passageiros.
O Hamas opõe-se. O governo da Faixa de Gaza não quer dar ao seu inimigo, Israel, a oportunidade de bloquear o abastecimento nas épocas de tensão e quer o comércio directo com o Egito, numa iniciativa que pode fortalecer a economia de Gaza e a popularidade do Hamas.
Mas a relação tempestuosa entre o Egito e os islâmicos que, em 2007, tomaram o controle da Faixa de Gaza das mãos do movimento Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas, provocou a crise.
Algumas fontes do Hamas acusaram o Egito de provocar a falta de combustível a fim de pressionar o movimento a implementar um pacto de união com Abbas, que tem o apoio do Ocidente.
Mohammed Awad, vice-primeiro-ministro da Faixa de Gaza, disse que a crise tem motivação política e que o Hamas “vai superá-la”.