A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Moçambique, Maria Ana Mozzi, disse que quase metade das raparigas adolescentes neste país casam antes de completar dezoito anos de idade devido às questões culturais, tradicionais e financeiras dos seus pais e encarregados de educação.
Esta informação foi dada a conhecer, recentemente, na província de Nampula, por aquela representante da UNICEF em Moçambique no acto de inauguração do primeiro gabinete modelo de Atendimento a Mulher e Criança na província de Nampula.
Sem avançar dados concretos, a representante da UNICEF em Moçambique referiu que estas questões, para além de atropelarem a lei universal dos direitos da criança, têm vindo a limitar o sonho e o futuro de grande parte das crianças que, na sua maioria, residem nas zonas rurais desta pérola do índico.
Maria Ana Mozzi afirmou que estas práticas devem ser questões de análise do governo e de vários sectores de actividade que lutam para o bem estar daquela camada social que vê os seus direitos violados por questões culturais, tradicionais ou mesmo de hábitos e costumes.
Maria Ana Mozzi afirmou ainda que o governo deve estudar estratégias de abolir as práticas tradicionais que violam a criança, na sua maioria rapariga.
Aliás, a nossa entrevistada referiu que apesar da existência de normas, artigos e leis que protegem aquela camada social, não se fazem cumprir contra os infractores que, de qualquer forma, violam as crianças.
“Dados indicam que metade de raparigas existentes em Moçambique são casadas antes de completarem os seus dezoito anos de idade” disse.
A representante da UNICEF em Moçambique avançou que o seu organismo tem vindo a financiar actividades de protecção da criança com o objectivo de resgatar os valores e direitos dos petizes que são barbaramente atropelados pela sociedade moçambicana, na sua maioria os da zona rural.
“Nas zonas rurais há muitos líderes, idosos e até jovens que se casam com raparigas adolescentes que ainda não tenham completado a idade para o casamento, o que significa que há muito atropelamento da lei da criança” disse para depois acrescentar que os gabinetes de atendimento à Mulher e Criança devem trabalhar no sentido de punir todos os infractores da lei.
Num outro ponto, a nossa entrevistada revelou que o seu organismo financiou a construção do Gabinete Modelo de Atendimento a Mulher e Criança, inaugurado na cidade de Nampula.