O derretimento completo da camada de gelo da Groenlândia pode ocorrer em temperaturas mais baixas do que antes se pensava, segundo um estudo divulgado, este Domingo, no periódico Nature Climate Change.
A pesquisa, assim, reforça a ameaça de aumento do nível do mar. O derretimento substancial do gelo pode contribuir com o aumento em alguns metros do nível do mar a longo prazo, o que ameaçaria potencialmente a vida de milhões de pessoas.
“O nosso estudo mostra que a temperatura para o derretimento da camada de gelo tem sido sobrestimada até agora”, disseram os cientistas do Instituto de Potsdam e da Universidade Complutense de Madri.
Eles usaram simulações de computador para prever o comportamento da natureza. O derretimento completo poderia acontecer se a temperatura global aumentar entre 0,8 e 3,2 graus Celsus acima dos níveis pré-industriais.
A melhor estimativa, segundo os cientistas, seria 1,6 graus. As pesquisas prévias sugeriam que para o derretimento completo essa variação teria que ser entre 1,9 e 5,1 graus.
A Groenlândia tem um quarto do tamanho dos Estados Unidos e 80 por cento do seu território coberto por gelo. Se tudo derretesse, isso implicaria um aumento de 6,4 metros do nível do mar.
“Se a temperatura aumentar por um longo período, o gelo vai continuar a derreter e não voltará a crescer, mesmo se o clima, depois de milhares de anos, voltar ao estado pré-industrial”, afirmou o cientista Andrey Ganopolski, do Instituto de Postdam.
Hoje, já foi registado um aquecimento global de 0,8 graus. Se não houver nenhuma medida para limitar o efeito estufa, a Terra pode aquecer em 8 graus.
“Isso iria resultar em um quinto a camada de gelo derretida em 500 anos, e um derretimento completo em 2.000 anos”, declarou Alexander Robinson, também responsável pelo estudo.
“Isso não é algo que alguém chamaria de um rápido colapso. No entanto, se pensamos na história do nosso planeta, é rápido. E podemos estar a aproximarmo-nos do limite crítico.”