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Preço de tomate “explode” no mercado grossista do Zimpeto

Esta semana não foi de muita acalmia no mercado grossista do Zimpeto, tudo porque o preço da caixa de tomate chegou a roçar a fasquia dos 800 meticais, o que levantou uma celeuma entre os vendedores e clientes.

A caixa deste produto custava, na manhã de segunda-feira, 800 meticais. Laurentina Fabião, vendedora no mercado grossista do Zimpeto diz que tal facto colheu de surpresa muita gente que naquele dia se dirigiu àquele local. “Muitos chegaram aqui pela manhã com os habituais trezentos meticais na mão, tendo caído na frustração porque o preço tinha sido incrementado em pouco mais de 100%”.

A nossa fonte disse ainda que a especulação dos preços gerou contendas que se arrastaram até ao dia seguinte, tendo havido necessidade de se solicitar a intervenção da polícia. “Só quando a polícia chegou é que foi possível acalmar as pessoas. Elas alegavam que a oferta era menor e que não queriam que os outros comprassem porque isso iria fomentar a especulação perpetrada pelos vendedores”.

As razões do aumento do preço

Cada ala defende a sua parte. Por um lado, os vendedores dizem que os custos de aquisição do tomate são muito altos nas grandes plantações da África do Sul e Chókwè, por outro lado, os comerciantes alegam que a especulação deve-se ao surgimento de novo tipo de clientes que tendem a transportar este vegetal para as zonas Centro e Norte do país.

António Mussagy, vendedor daquele produto, diz que devido às chuvas que caíram um pouco por toda a zona austral da África, muitas plantações ficaram encharcadas, o que levou ao apodrecimento deste vegetal.

“As plantações de tomate na África do Sul estão alagadas e muitos agricultores, para fazer face aos custos do plantio, vendem o produto que não foi afectado pelas inundações a preços exorbitantes. E porque, uma vez estando lá (na África do Sul), não podemos voltar sem produtos. Arriscámo-nos a praticar estes preços, apesar de serem proibitivos”, explicou.

Os argumentos de Mussagy não são os mesmos que Arnaldo Macuácua usa para explicar o aumento exponencial dos preços do tomate que traz do distrito de Chókwè, na vizinha província de Gaza.

Macuácua argumenta que a aplicação do preço de 800 meticais não tem nada a ver com as chuvas. Esta situação, segundo o nosso interlocutor, tem sido criada devido à forma como o mercado do Zimpeto está organizado. A fonte disse que quando os importadores chegam com os camiões, deixam-nos com alguns jovens, tidos como modjeiros, que são trabalhadores eventuais que se dedicam à angariação de clientes.

“Eles é que marcam os preços porque querem lucrar à margem do dono da mercadoria. Às vezes saímos de lá com a ideia de que a caixa é vendida a 200 meticais, mas quando chegamos ao mercado eles determinam o preço de 300 a 400 meticais”.

A nossa fonte conta que as consequências de recusar as propostas dos preços que eles (os modjeiros) decidem aplicar num determinado dia ou semana são imprevisíveis. “Ameaçam- nos. Alguns pessoas foram interditas de vender no mercado. Os modjeiros consideram- se “donos deste local”, por isso ditam as regras. Quando nos recusamos a cumpri-las, impedem os clientes de adquirirem os nossos produtos”.

Por seu turno, os clientes alegam que o aumento do preço deste produto está directamente ligado ao facto de aparecem pessoas provenientes das províncias do centro e norte de Moçambique. Segundo algumas pessoas ouvidas pelo @Verdade, os “novos clientes” não se importam de pagar altos preços porque o revendem nas suas províncias de origem a preços (também) exorbitantes.

Telmina Mataquene é revendedora do tomate adquirido na cidade de Maputo no mercado municipal da cidade de Tete. Conta que os seus clientes, na província de Tete, não hesita em pagar entre 1000 a 1200 meticais por cada caixa, daí que não faz nenhuma diferença comprar a caixa por 500 ou 800 meticais, porque o mercado dela está garantido.

“Não me importo, posso pagar 500 ou 600 meticais por cada caixa porque na minha província vendo ao dobro”, justifica. Mataquene explica que os custos de transporte não são muito altos, dado que tem aproveitado a boleia dos camiões de longo curso que levam outros produtos para aquela província.

As vendedeiras daquele mercado consideram que é por causa de pessoas como Telmina que o preço do tomate é especulado. Por isso, apelam a quem de direito no sentido de limitar a circulação de produtos vegetais para fora da cidade e província de Maputo.

A subida dá origem a novas formas de aquisição e já afecta os bairros

Dada a subida do preço deste vegetal, os compradores encontraram uma nova forma de aquisição. Eles juntam-se em pequenos grupos (geralmente de duas ou três pessoas), compram uma única caixa e dividem- na em partes iguais. Em última análise, quem “paga” é o consumidor final.

Tendências a baixar

Até ao fecho desta edição, na quarta-feira, o preço tinha tendências a baixar. Os camionistas que iam chegando naquele dia já vendiam a caixa a 350 e, nalguns casos, a 500 meticais.

Sector informal em Moçambique é o que mais impostos paga no país

O presidente da Autoridade Tributária de Moçambique, Rosário Fernandes, revelou que o sector informal é o que mais paga impostos no país, contribuindo com cerca de 70 porcento das receitas arrecadadas por aquela instituição.

Rosário Fernandes, que fez estas declarações aquando do lançamento da Campanha de Educação Fiscal e Popularização do Imposto, que decorreu na Vila da Manhiça, a 80 quilómetros da cidade de Maputo.

Segundo o presidente da ATM, apenas 10 porcento da população moçambicana potencialmente activa, estimada em 11%, é que é que paga impostos. Entretanto, este número poderá atingir os 16% até ao fim deste ano, caso se alcance a cifra dos 2 milhões de contribuintes projectada para este ano.

Questionado sobre as razões desta disparidade, Rosário Fernandes disse que “tudo tem a ver com a questão da boa governação, transparência e do retorno visível do próprio imposto. Se essas áreas forem melhoradas, os cidadãos irão aderir ao sistema tributário e, por via disso, contribuir para o crescimento e desenvolvimento do país”.

Porém, este quadro (negro) tem mudado nos últimos tempo, daí que a ATM tenha conseguido, pelo quinto ano consecutivo, cumprir com a meta global do Orçamento Global Rectificativo de 2011. No total, foram arrecadados 79.2 milhões de meticais, contra os cerca de 73 mil milhões de meticais previstos.

Ainda no ano passado, foram registados 322.835 novos contribuintes, contra os 301.633 previstos, o que representa um aumento em mais de 20 mil cidadãos. Foram igualmente formados 13.450 disseminadores, quando as previsões indicavam 12 500.

Para este ano, a meta é inscrever 360 mil novos contribuintes, sendo que nos dois primeiros meses já foram registados 42 mil.

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