Os líderes de oposição russos acusaram Vladimir Putin de endurecer a repressão aos dissidentes, depois de as tropas de choque da polícia terem detido centenas de manifestantes que contestavam a vitória dele nas eleições presidenciais de Domingo.
Os policiais com capacetes pretos recolheram mais de 500 pessoas, incluindo vários líderes da oposição, que participaram, Segunda-feira, nas manifestações não-autorizadas, em Moscovo e São Petersburgo, ou que negaram de dispersar-se ao final de um evento que havia sido autorizado.
Muitos manifestantes foram rapidamente libertados, como Alexei Navalny, cujo blog sobre a corrupção fez dele uma referência para o movimento anti-Putin.
Outros, no entanto, poderiam ser condenados, esta Terça-feira, a penas de prisão curtas.
Depois de três meses de protestos pacíficos, iniciados por causa das suspeitas de fraude nas eleições parlamentares de Dezembro, a intervenção policial sinaliza que Putin está a perder a paciência com a oposição e poderá reprimir os manifestantes que saírem da linha.
Mas a moderação demonstrada pela maioria dos policiais, mesmo ao empurrar os manifestantes para as viaturas, também sugeriu que Putin está determinado a não dar chance aos seus críticos para que o retratem como um ditador pronto para suprimir qualquer contestação à sua autoridade.
Por outro lado, as testemunhas disseram que a polícia foi mais dura contra um grupo que tentou protestar na praça Lyubianka, em frente à sede do Serviço Federal de Segurança (sucessor da soviética KGB, onde Putin fez a carreira).
Mesmo na praça Pushkin houve relatos de que alguns manifestantes ficaram feridos, e uma deles disse ter tido o braço quebrado.
“O uso da força e da detenção de políticos de oposição poderia ter sido evitado”, disse pelo Twitter, na noite da Segunda-feira, o candidato presidencial derrotado Mikhail Prokhorov.
“Foi um comício pacífico. Estou indignado com o uso da força contra pessoas que vieram expressar as suas opiniões. Os factos de hoje na praça Pushkin romperam a tradição dos recentes protestos sociais no país.”
Putin, actualmente primeiro-ministro, foi eleito presidente, Domingo, com mais de 64 por cento dos votos. Ele já ocupou o cargo entre 2000 e 2008.
Os observadores independentes disseram que o processo eleitoral foi fortemente manipulado para beneficiar Putin, o que as autoridades negam.