Um comboio de passageiros lotado bateu numa estação ferroviária de Buenos Aires no horário de pico, da manhã desta Quarta-feira (hora local), deixando pelo menos 49 mortos e mais de 600 feridos, disseram as autoridades.
Os passageiros relataram caos e pânico depois de o impacto da colisão ter feito com que o segundo vagão atropelasse o primeiro, deixando dezenas de pessoas presas, enquanto outros passageiros observavam das plataformas congestionadas na estação central Once.
As autoridades disseram que um defeito nos freios pode ter causado o acidente. “De repente fomos surpreendidos por uma explosão e nós, literalmente, voamos pelo ar … havia muitas pessoas postas no chão, feridas, a sangrarem”, disse à TV local um passageiro que usava um colar cervical e identificou-se como Fabio.
“O comboio ficou incrustado dentro do outro … os bancos sumiram, eles desapareceram, e as pessoas estavam a saltar pela janela”, disse o jovem. Mais de 800 pessoas estavam a bordo do comboio, segundo a agência de notícias estatal Telam.
Um capitão da polícia disse que 49 pessoas morreram, incluindo uma criança. O impacto maior ocorreu nos primeiros dois vagões do comboio.
“O comboio entrou na estação Once a 26 quilómetros por hora… acreditamos que houve algum defeito nos freios”, disse o secretário de Transportes, Juan Pablo Schiavi, segundo a agência Telam. “Isso fez com que o comboio dobrasse sobre si mesmo.”
Cerca de 10 milhões de passageiros viajam todos os meses na linha Sarmiento, que liga a capital Buenos Aires aos subúrbios no oeste da cidade.
Os serviços ferroviários sucateados e lotados, operados por empresas privadas e fortemente subsidiados pelo Estado, são marcados por acidentes e atrasos.
“É responsabilidade da companhia que é conhecida por manutenção insuficiente e… improvisação”, disse o representante do sindicato dos funcionários ferroviários, Edgardo Reinoso.
“Por outro lado, há uma falta de controle por parte dos organismos estatais, incluindo a Comissão Nacional para Regulamentação do Transporte e a Secretaria do Transporte”, disse Reinoso à rádio estatal.
Em Setembro, dois comboios de passageiros colidiram com um autocarro, matando 11 pessoas. Há um ano, quatro pessoas morreram noutro acidente de comboio.
Os piores acidentes na história da Argentina incluem um de 1970 que matou mais de 230 pessoas e outro em 1978, no qual 55 pessoas morreram, segundo a imprensa local.
A outrora extensa rede ferroviária da Argentina foi amplamente desmantelada durante as privatizações nos anos 1990.
A presidente do país, Cristina Kirchner, tem apresentado projectos para revitalizar linhas férreas que conectem a Argentina aos países vizinhos como Uruguai e Chile.