Um oficial da polícia foi morto a tiros na Irlanda do Norte, confirmaram as autoridades nesta segunda-feira, dois dias após outro ataque, contra um quartel, liquidar dois militares britânicos.
O assassinato do policia ocorreu em Craigavon, no condado de County Armagh, segundo as autoridades. A ação ocorreu cerca de 48 horas após um ataque reivindicado pelo IRA Autêntico contra o quartel de Massereene, em Antrim, a noroeste de Belfast, o que pode significar uma interrupção do atual processo de paz na Irlanda do Norte.
O oficial morto hoje atendia a uma chamada em Lismore Manor, uma área republicana de Craigavon. Ele e o seu companheiro estavam dentro do carro quando o ataque aconteceu. O ataque contra os soldados no quartel de Massereene, no sábado, foi o primeiro do tipo a ocorrer em 12 anos.
Em visita à Irlanda do Norte, nesta segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que o processo de paz na província é “inabalável”. Os dois ataques provocam temores sobre o retorno da violência à Irlanda do Norte, onde os Acordos da Sexta-Feira Santa de 1998 acabaram com 30 anos de conflito entre unionistas protestantes, favoráveis à permanência da província dentro da Grã-Bretanha, e católicos republicanos, partidários da fusão com a Irlanda.
“O que vi esta manhã é a unidade do povo irlandês e a unidade dos partidos políticos”, declarou Brown ao fim de uma reunião em Stormont com o primeiro-ministro norteirlandês, Peter Robinson, líder do Partido Unionista Democrata (DUP, protestante) e com o vice-premier Martin McGuinness, membro do partido católico Sinn Fein.
“Estão unidos por trás do processo de paz que construíram durante muitos anos”, afirmou o premiê britânico, que mais cedo visitou a base militar de Massereene, 25 km ao noroeste de Belfast, onde os dois soldados morreram no sábado.
“O IRA Autêntico não tem lugar na política norteirlandesa. São assassinos sem piedade, são terroristas que não mostraram nenhuma compaixão com as pessoas que morreram”, afirmou Brown.
O IRA Autêntico, uma dissidência do Exército Republicano Irlandês (IRA) contrária ao processo de paz norteirlandês, reivindicou no domingo o ataque contra o quartel de Massereene.
Gerry Adams, líder do Sinn Fein, principal partido católico republicano do Ulster e antigo braço político do desmantelado Exército Republicano Irlandês (IRA), que no domingo condenou o atentado, afirmou nesta segunda-feira que os autores do ataque não têm apoio popular nem estratégia. No entanto, afirmou que o chefe de polícia da Irlanda do Norte, Hugh Orde, cometeu um “grande erro” ao admitir, 36 horas antes do atentado, que havia mobilizado especialistas do exército britânico para seguir republicanos dissidentes que estariam planejando assassinar um policial.
“A intervenção destes agentes no passado, totalmente irresponsável, provocou o mesmo sofrimento que, por infelicidade, estão passando neste momento as famílias dos dois soldados britânicos mortos”. As autoridades acreditam que existem 300 republicanos dissidentes ativos na Irlanda do Norte.