A Assembleia Geral da ONU, formada por 193 países, aumentou esta quinta-feira a pressão sobre o presidente sírio, Bashar al-Assad, ao aprovar por esmagadora maioria uma resolução sem cumprimento obrigatório que apoia um plano da Liga Árabe pedindo a sua renúncia. A contagem inicial mostrou que a resolução, que é semelhante àquela vetada por Rússia e China no Conselho de Segurança em 4 de fevereiro, recebeu 137 votos a favor, 12 contra e 17 abstenções.
Três delegações alegaram que seus votos não foram contabilizados no painel eletrônico da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas. Rússia e China estavam entre os países que votaram contra a resolução elaborada pela Arábia Saudita e enviada pelo Egito em nome das delegações árabes da ONU.
Ao contrário do Conselho de Segurança, não há vetos na Assembleia Geral e as decisões tomadas nesta esfera não têm força legal. “Hoje (quinta-feira) a Assembleia Geral da ONU enviou uma mensagem clara ao povo da Síria -o mundo está com vocês”, disse a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, em comunicado. “Uma maioria esmagadora dos Estados membros da ONU apoiou o plano da Liga Árabe para encerrar o sofrimento dos sírios”, ela disse. “Bashar al-Assad nunca esteve tão isolado.”
A resolução adotada nesta quinta-feira diz que a assembleia “apoia totalmente” o plano da Liga Árabe e exige que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, aponte um enviado especial para a Síria. O documento também condena a Síria pelas “violações generalizadas e sistemáticas dos direitos humanos” e exige a retirada das forças sírias das cidades e vilarejos.
O embaixador sírio, Bashar Ja’afari, rejeitou a resolução, dizendo à assembleia que o texto fazia parte de um complô para derrubar o governo da Síria e permitir que a oposição “terrorista” assuma o país. “Temos profundas preocupações em relação às intenções reais dos países que copatrocinaram este projeto, particularmente que esses países estão liderando uma agressão política e midiática contra a Síria”, disse ele.
Tais países, disse Ja’afari, estão dando “todo o apoio político, financeiro e midiático aos grupos terroristas armados e garantindo a eles cobertura em fóruns internacionais.”
O embaixador russo, Vitaly Churkin, disse que a resolução “reflete a tendência preocupante… de tentar isolar a liderança síria, de rejeitar qualquer contato com o país e de impor uma fórmula externa para uma solução política.”
Diplomatas ocidentais disseram antes da votação que uma expressiva maioria em favor da resolução aumentaria a pressão sobre Assad e destacaria o isolamento de Rússia e China em relação a esse tema.
Irão, Coreia do Norte, Venezuela e Bolívia estão entre outros países que votaram contra a resolução e cujos representantes manifestaram apoio ao governo sírio.
Há 11 meses, a Síria é palco de violentos confrontos entre forças de segurança e manifestantes pró-democracia, que exigem a saída de Assad e o fim de seu regime. Milhares de civis morreram na repressão aos protestos na Síria. É difícil confirmar os relatos do governo e da oposição, já que quase toda a imprensa estrangeira foi expulsa do país.