Os torcedores egípcios indignados protestaram diante do gabinete do procurador-geral do país, esta Quarta-feira, no Cairo, exigindo que as autoridades levem aos tribunais os responsáveis pela violência que deixou 74 pessoas mortas num estádio de futebol.
Os membros das torcidas e activistas disseram que iriam resolver a questão a sua própria maneira se a Justiça não for feita, colocando mais pressão sobre os generais que governam o país e que já enfrentam críticas da opinião pública pela forma como realizam a transição para a democracia depois dum levante que começou há um anos.
“Com as nossas almas e o nosso sangue, vamos proteger-vos, mártires”, gritava uma multidão de vários milhares. “Abaixa, abaixa o regime militar.”
A violência aconteceu na cidade costeira de Port Said, no dia 2 de Fevereiro, no final duma partida entre a equipe da casa al-Masry e a equipe do Cairo Al Ahly, a mais bem sucedida do futebol africano.
Testemunhas disseram que centenas de torcedores do al-Masry invadiram o campo para agredir os jogadores visitantes, causando pânico entre a torcida do Ahly, que correu para as saídas.
Os portões de ferro estavam fechados e dezenas de pessoas foram esmagadas e morreram na correria. Muitas das vítimas eram integrantes da torcida organizada do Al Ahly “Ultra”, que, com frequência, enfrentam a polícia de choque nos dias de jogos e estavam também na linha de frente dos protestos que derrubaram o ex-presidente Hosni Mubarak do poder a 11 de Fevereiro do ano passado.
Alguns críticos do regime militar sugeriram que a violência foi planeada para criar o caos e levar a população a apoiar uma extensão do regime.
Um inquérito parlamentar afirmou que os torcedores e as falhas de segurança foram responsáveis pelo incidente, e que os causadores da violência tinham usado bandidos e membros violentos das torcidas organizadas para tirar “proveito da tensão em torno do jogo para conseguir algum ganho político”.
“O relatório ainda é preliminar. A determinação popular irá forçar o relatório final a ser muito preciso”, disse o deputado e membro da equipe de investigação, Abu Mohamed Hamed.