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Síria mantém ataques e árabes cogitam armar oposição

ONU estima que mais de 9 mil civis já morreram na Síria

Forças do governo e da oposição ao presidente Bashar al-Assad travaram confrontos nesta terça-feira em cidades de toda a Síria, e autoridades árabes confirmaram que os governos da região estariam dispostos a dar armas à resistência caso a violência não terminasse. A cidade de Homs, no oeste do país, epicentro dos 11 meses de rebelião contra Assad, sofreu bombardeios pelo 11º dia consecutivo.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos disse que 20 pessoas foram mortas em toda a Síria nesta terça-feira, incluindo militantes da oposição, civis e cinco soldados do governo atingidos em confronto com rebeldes na localidade de Qalaat al-Madyaq.

Intensificando a pressão internacional contra o presidente Bashar al-Assad, a Arábia Saudita propôs uma nova resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) em apoio ao plano de paz da Liga Árabe, depois de uma tentativa anterior ser vetada por Rússia e China.

Mas diplomatas da Liga Árabe disseram que, paralelamente a isso, entregar armas às forças da oposição passou a ser uma opção oficialmente discutida. Numa resolução aprovada no domingo no Cairo, a Liga pediu aos países da região que “ofereçam todo tipo de apoio político e material” à oposição. Isso permitiria transferências de armas, confirmaram fontes diplomáticas à Reuters. “Vamos apoiar a oposição financeira e diplomaticamente no início, mas se a matança pelo regime continuar os civis devem ser ajudados a proteger-se. A resolução dá aos Estados árabes todas as opções para proteger o povo sírio”, disse um embaixador árabe no Cairo.

A ameaça de apoio militar deve intensificar a pressão sobre o líder da Síria e sobre os governos da Rússia e China, aliados de Assad, mas também pode desencadear uma guerra civil semelhante à ocorrida no ano passado na Líbia. “Suspeito que veremos uma maior militarização do conflito, com consequências potencialmente bastante disseminadas e perigosas”, disse o analista Salman Shaikh, diretor do Centro Brookings de Doha.

A oposição síria já está a receber armas contrabandeadas, mas não está claro se algum governo está por trás disso. Autoridades iraquianas disseram que militantes sunitas também estão a infiltrar-se na Síria, que é governada pela seita minoritária alauita.

Assad reprime há 11 meses uma rebelião popular que é parte da Primavera Árabe. Inicialmente pacíficos, os protestos ganham cada vez mais contornos de uma guerra civil, com a participação de militares desertores e de outros grupos armados. O governo diz estar enfrentando terroristas patrocinados pelo exterior.

Em Homs, o bairro de Baba Amro, reduto da oposição, sofreu ao amanhecer o mais intenso bombardeio dos últimos cinco dias, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Seis pessoas foram mortas, disse o grupo, e o total estimado de vítimas fatais desde o início da ofensiva, em 3 de fevereiro, já supera os 400.

“Eles estão a atingir os mesmos pontos várias vezes consecutivas, fazendo com que seja impossível se aventurar lá fora. O bombardeio foi intenso de manhã, e agora é um foguete a cada 15 minutos, mais ou menos”, disse à Reuters o ativista Hussein Nader, usando um telefone por satélite.

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