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Discurso: Sob o poder operário camponês produzir é um acto de militância

Após uma breve introdução, o presidente Samora Moisés Machel, dirigindo-se aos membros do Comité Central Executivo, os membros do Conselho de Ministros da República Popular de Moçambique, aos militantes e aos trabalhadores em particular, aos operários que se encontravam presentes à reunião realizada na manhã de ontem (12 de Outubro de 1976) na Escola Secundária Josina Machel, em Maputo, passou então a analisar o passado e o presente da classe operária e a sua posição face às diversas manobras dos representantes do capitalismo, definindo também as responsabilidades desta classe na actual fase da revolução moçambicana afirmando:

A empresa, a oficina, é para nós a cápsula incubadora onde se forja a consciência de classe. Aquilo que nós fabricamos, a maneira como trabalhamos, como discutimos e planificamos a produção, é espelho da nossa consciência de classe. Na nossa República em que o Poder pertence à aliança operária camponesa, produzir é um acto de militância. Agora que já não temos o chicote, o chibalo, a palmatória, produzir é um acto de militância.

Produtividade: Um termómetro da consciência política

Mas a produção tem um aspecto muito particular, muito sensível – a produtividade. Esse aspecto que para nós serve de termómetro da consciência política, de reflexo da consciência de classe.

Produzir é utilizar os meios materiais, técnicos e humanos para fazer uma coisa socialmente útil. Um operário que pega num serrote, numa tábua, plaina, pregos, martelo e faz uma cadeira, produzi uma cadeira. Esse operário está a produzir, mesmo que leve um dia inteiro a produzir a cadeira.

Outro operário, utilizando o mesmo material, faz durante o mesmo tempo 4 cadeiras do mesmo tipo Esse operário também produziu, também trabalhou. Mas há uma diferença básica entre o trabalho deste dois operários. Essa diferença chama-se produtividade.

O primeiro operário é um agente de desmobilização, é um sabotador da economia nacional, não te consciência de classe, é um peso morto na oficina, em resumo é um Xiconhoca. É assim que aparece muitos xiconhocas nas fábricas. Não são senão pesos mortos nas fábricas.

O segundo operário assumiu a sua responsabilidade de trabalhador, sabe para que é que trabalha e sabe que com a sua produção está a trabalhar para a reconstrução nacional. Este operário que preocupa com a produtividade, mostra que tem consciência política, que tem consciência de classe.

A produtividade é aquilo que vai melhorar as nossas condições, aquilo que nos vai permitir realizar progresso, o desenvolvimento económico.

Indisciplina generalizada e corrupção nas empresas

Nós fomos às vossas fábricas, nós vimos a maneira como trabalham, vimos aquilo que vocês produzem. Agora perguntamos de novo: o que é que nós encontrámos nas vossas fábricas? Estou certo que aqueles que foram visitados têm consciência; sabem o que é que nós constatámos lá e sabem o que é que nós dizemos disso.

E perguntamos agora à classe operária, depois de termos constatado o que existe nas vossas fábricas o que é que vamos comunicar ao País como resultado da visita às vossas fábricas; o que é que temos a dizer ao Povo sobre os operários das empresas industriais do nosso País, ao povo que se veste, calça, come e vive com o produto do vosso trabalho?

Nós vimos que vocês produzem pouco. Então perguntámos a diversos técnicos, a trabalhadores, ,a aprendizes como é que podemos aumentar a produtividade. A resposta tem sido sempre esta: não é possível aumentar a produtividade porque na maior parte das empresas há atrasos, faltas ao serviço, liberalismo, falta de respeito pelas estruturas, confusão, ambição, boatos, roubo e racismo. Em resumo: indisciplina generalizada e corrupção.

Temos portanto baixa de produtividade!

Com as mesmas máquinas que vocês tinham no tempo colonial, as mesmas instalações, o mesmo número de operários e, em muitos casos, os mesmos técnicos, baixa da produtividade!

É isto que os operários destas empresas apresentam para responder aos sacrifícios daqueles que lutaram pela conquista da independência? É esta a resposta que devemos dar àqueles que ofereceram as suas preciosas vidas pela independência nacional?

É esta a resposta que devemos dar ao nosso povo e aos nossos filhos? É esta a tradição que devemos transmitir aos nossos filhos? As populações que dia e noite sofreram massacres mas que não vacilaram no combate ao colonialismo é isto que devem saber?

É isso que devem saber aqueles que morreram transportando armas, transportando medicamentos, munições, géneros alimentícios, para impulsionar o desenvolvimento da luta, para esmagar, expulsar e destruir o colonialismo no nosso País? É esta a resposta que devemos dar àqueles que foram presos e assassinados nas cadeias do lbo, aqui no Jamanguane?

Todos eles devem saber que esses operários valorizam desta maneira a independência e portanto o sangue derramado na conquista da nossa liberdade? Estou certo, no entanto, que aqui estão alguns que estiveram no Jamanguane e assistiram à brutalidade da PlDE e do colonialismo; a violência do capitalismo e o ódio que o capitalismo tem pelos operários.

Estamos a ver que temos uma situação muito complicada nas vossas empresas. Por isso perguntamos: como é que vamos resolver? Como é que vamos avançar com pesos mortos, com pessoas inconscientes, como é que vamos avançar com pessoas que nas suas empresas e oficinas instalam uma base do inimigo, como é que vamos avançar com elementos que nas suas fábricas gritam para que o capitalismo, o colonialismo e a exploração regressem para o nosso País?

Parece-nos que o método correcto é compreender quais as causas da situação actual, como é que chegámos à situação actual.

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