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Mulher de 20 anos rapta criança para vendê-la por 50 mil meticais

Uma mulher de 20 anos de idade encontra-se detida no comando distrital da Polícia de Manica, em conexão com um caso de rapto de uma criança, que veio a ser resgatada um dia depois em Messica, a cerca de 30 quilómetros da urbe onde residia com os pais.

A mulher, Ana João Cifa, detida com supostos comparsas, incluindo o esposo, admite ter enganado a sua vítima, tendo-se deslocado com ela de Manica até às matas de Messica, com o fim de vendê-la a um suposto agente de hotelaria e turismo.

O rapto da menor, que aparenta ter sete anos de idade, ocorreu no domingo e ela só se viu livre no dia seguinte, Segunda-feira, com a intervenção de agentes da Polícia do distrito de Manica.

A acção tinha em vista a decepação da sua cabeça para posterior venda a um suposto agente económico da cidade de Manica, ligado ao ramo de hotelaria e turismo, o qual deveria encontrar-se com a raptora e a criança nas matas próximas do rio Révuè, em Messica.

A menor encontrava-se a vender mangas quando Ana João Cifa, de 20 anos de idade, que confessa ter cometido o crime de rapto, simulou pretender as referidas frutas, contra o pagamento de dez meticais na sua residência.

Com a promessa de receber o dinheiro em casa da Ana Cifa, esta e a vítima seguiram para Messica, onde, nas matas do rio Révuè, também estaria o suposto agente de hotelaria e turismo interessado em ter uma cabeça humana.

As autoridades policiais omitiram o nome do tal cliente, alegadamente para não perturbar as investigações e facilitar a descoberta de outros envolvidos no caso.

Ana João dirigiu-se àquela zona recôndita da localidade de Messica, na companhia do seu irmão, Pita João Cifa, um garimpeiro, e do esposo, Lavumó Chimera, também garimpeiro.

Pita João Cifa disse ter sido contactado para garantir a segurança durante o tráfico da menor, que este ano lectivo frequenta 2ª classe.

Lavumó Chimera, no entanto, reclama ter sido ele quem alertou a Polícia, sobre o negócio, apontando a sua esposa como protagonista.

“Eu fui chamado pela minha irmã para a acompanhar. Prometeu que caso a criança fosse comprada eu teria alguma compensação”, afirmou Pita Cifa e avançou que o contacto foi feito momentos depois da sua chegada da região de Munhena, também conhecida por Burundi, onde desenvolve actividade de garimpo.

Tanto Pita como Lavumó praticam o garimpo naquela zona (Burundi). Os dois acabavam de chegar de mais uma jornada. Embora a esposa o tenha indicado como cabecilha do grupo, Pita Cifa refuta as acusações, sublinhando ter sido ele quem solicitou a intervenção policial, uma acção da Polícia, que resultou na recuperação da menor, com vida.

“O meu marido pediu-me para procurar uma criança, para vendermos. Eu disse que tinha coragem e encontrei esta criança. Levei-a quando ela estava a vender mangas. Eu disse que queria mangas e ia pagar em casa. Pedí para a menina acompanhar-me e informei ao meu marido que já encontrei a criança. Ele disse que o cliente queria uma criança viva e ia matar sozinho”, contou Ana Cifa, detida no comando distrital da Polícia da República de Moçambique, na companhia do seu irmão e do esposo.

“Ela entregou-me o telefone e pediu para que eu ligasse para um cliente que só ela própria é que conhecia. Em contrapartida, liguei para a Polícia, fingindo que estivesse a falar com cliente. A Polícia não apareceu. Dia seguinte, eu informei que ia ao encontro do cliente. Mas, contrariamente, fui à Polícia, de onde partiu um contingente para recuperar a criança”, afirmou, por seu turno, Lavumó Chiremera, que faz parte dos três detidos em conexão com o caso.

“Eu só comí uma manga e dormí no milho”, disse a menor, já livre, cuja cabeça seria vendida, depois de degolada, caso o negócio fosse concretizado. A raptora assinalou que arrancou os cabelos postiços da menor com recurso à faca.

“Queria pôr `mirraba´, para ficar mais bonita” – acrescentou, sublinhando, contudo, que tinha em mente que o final das “carícias” todas seria o assassinato da filha de Z. João, residente do bairro 7 de Abril, no município de Manica. Presume-se que a venda da criança seria para alimentar actos supersticiosos, para facilitar obtenção de bens luxuosos.

Em Manica, casos de rapto de menores e venda de seres humanos estão a acontecer com frequência. Nos finais de 2010, uma menor foi raptada pela própria prima, no bairro 7 de Abril. Não se sabe, ao certo, onde esta se encontra, mas há indicações de estar na capital do país, Maputo.

Em Janeiro findo, um jovem esteve à venda, num caso que envolveu um amigo da vítima e três outros indivíduos. Este também não chegou a ser comprado, alegadamente pelo facto de não ter sido apreciado positivamente pelo cliente, cujo nome não foi mencionado.

Quanto ao caso registado no distrito de Manica, o comandante distrital local da Polícia da República de Moçambique (PRM), Pedro Manuel Jemusse, afirmou estarem em curso investigações, tendo em vista a apurar o envolvimento de outras pessoas, cujos nomes estão a ser evocados, pelos implicados.

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