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Os subúrbios lembram uma zona de guerra fora da capital síria

Quando os observadores da Liga Árabe foram para os subúrbios de Damasco, esta Quinta-feira, a segurança síria recusou-se a acompanhá-los para a maior parte das áreas porque haviam perdido o controle.

Nalgumas cidades, a não mais de 15 minutos de carro, da capital, o governador da Damasco rural advertiu que os homens armados patrulhavam as ruas.

Mas os monitores foram, acompanhados de jornalistas, até aos arredores de Irbin e de Harasta, que tornaram-se focos de protestos e da revolta armada desde o início dos 10 meses de protestos contra o presidente Bashar al-Assad.

Num posto de controle numa intersecção que leva para a cidade de Irbin, dezenas de soldados armados com fuzis estavam em alerta total. No acostamento ao lado deles havia corpos de dois homens mortos a tiros, um dos quais era um soldado.

Mas os soldados olhavam nervosos para um protesto contra Assad a apenas algumas centenas de metros de distância, com os manifestantes a gritar “Allahu Akbar”.

A maioria das lojas estava fechada e as pessoas olhavam os monitores da Liga Árabe com suspeita. “Algumas pessoas estão com raiva de nós por causa do relatório”, disse um observador.

A equipe de observação enviou um relatório, semana passada, sobre a sua missão de supervisionar a implementação dum plano de paz árabe, cujo objectivo é parar o banho de sangue da repressão militar de Assad ao protesto que, segundo a Organização das Nações Unidas, já matou mais de 5.000 pessoas.

A Síria afirma que a revolta é patrocinada por militantes estrangeiros que já mataram mais de 2.000 membros das suas forças de segurança.

Embora a Liga Árabe tenha feito um apelo para que Assad renunciasse, muitos na oposição síria estavam com raiva do relatório dos monitores, que destacava a violência dos adversários de Assad da mesma forma que a do governo.

Eles disseram que os monitores negligenciaram o equilíbrio do poder na luta entre manifestantes e rebeldes contra o Exército.

A Reuters, que juntou-se aos monitores na sua primeira viagem de observação desde o relatório, está na Síria numa viagem patrocinada pelo Estado e geralmente acompanhada por um supervisor do governo.

Os observadores árabes assistiram à demonstração contra Assad de longe, e poucos minutos depois foram de carro para um hospital da polícia em Harasta, outro foco da revolta.

O chefe da equipe, Jaafar al-Kubaida, disse que os monitores não entraram em Irbin porque temiam que a “multidão nervosa” pudesse atacá-los. “As equipes são agredidas algumas vezes, temíamos que eles pudessem atacar os carros ou atirar pedras contra nós. Já aconteceu antes”.

Carros com “bombas israelitas”

No hospital policial em Harasta, os funcionários disseram que a maior parte do Damasco rural não era controlada pelas forças do governo e que os homens armados estavam a sequestrar e a matar quem fosse leal ao governo.

“Qualquer carro com chapa do governo não pode andar dentro de Harasta, nós como médicos não podemos ir, eles sequestraram um dos nossos carros, há uma semana”, disse um médico no hospital.

Quando os observadores árabes pressionaram um oficial para permitir a entrada deles na cidade, ele disse que era perigoso demais.

Os monitores ficaram frustrados com a recusa, mas também disseram que não tinham certeza se a sua presença era bem aceite ali depois do primeiro relatório. “Gostaríamos de ir, mas não tenho a certeza de que somos bem-vindos”, disse um observador à Reuters.

As autoridades da área de segurança mostraram aos monitores três carros que disseram terem sido rebocados de dentro de Harasta e Douma. Elas disseram que os veículos foram confiscados de “terroristas” e estavam carregados de bombas israelitas.

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