O Vaticano foi sacudido por um escândalo de corrupção, Quinta-feira, depois de a investigação duma televisão italiana ter informado que uma autoridade do alto escalão foi transferida depois de reclamar sobre as irregularidade na concessão de contratos.
O programa “Os Intocáveis”, transmitido na respeitada rede de televisão privada L7, mostrou, na noite da Quarta-feira, o que disse ser cartas enviadas em 2011 pelo arcebispo Carlo Maria Vigano, então vice-governador da Cidade do Vaticano, aos seus superiores, incluindo ao papa Bento 16, sobre a corrupção.
O Vaticano emitiu uma declaração, Quinta-feira, criticando os “métodos” usados na investigação jornalística. Mas confirmou que as cartas são autênticas ao expressar “tristeza pela publicação de documentos reservados”.
Como vice-governador da Cidade do Vaticano por dois anos, entre 2009 e 2011, Vigano era o número dois dum departamento responsável pela manutenção de jardins, edifícios, ruas, museus e outros pontos de infraestrutura da minúscula cidade-Estado.
Actualmente embaixador do Vaticano em Washington, Vigano disse nas cartas que, quando assumiu o cargo em 2009, descobriu uma rede de corrupção, nepotismo e clientelismo associados à concessão de contratos a companhias de fora com preços infeccionados.
Numa carta, Vigano conta ao papa sobre uma campanha difamatória contra ele (Vigano) promovida por outras autoridades do Vaticano que queriam a sua transferência porque estavam insatisfeitos com as medidas drásticas que ele havia tomado para poupar o dinheiro do Vaticano ao racionalizar os procedimentos.
“Santo Padre, a minha transferência agora provocaria desorientação e desestímulo aos que acreditaram que era possível limpar tantas situações de corrupção e de abuso de poder enraizadas na administração de tantos departamentos”, escreveu Vigano ao papa a 27 de Março de 2011.
Nutra carta ao papa, a 4 de Abril de 2011, Vigano afirmou ter descoberto que a administração de alguns investimentos da Cidade do Vaticano havia sido confiada a dois fundos geridos por um comité de banqueiros italianos “que cuidava mais dos seus interesses do que dos nossos”.
No dia 22 de Março de 2011, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, informou que Vigano estava a ser retirado do seu posto, embora ele devesse ter ficado no cargo até 2014.