Um comandante militar rebelde da Síria pediu na terça-feira ao mundo que proteja os civis do seu país, e criticou os monitores da Liga Árabe por serem incapazes de conter a repressão do governo contra manifestantes. A ONU diz que mais de 5.000 pessoas, a maioria civis, já foram mortas em dez meses de repressão a protestos contra o presidente Bashar al Assad. O governo diz estar enfrentando “terroristas armados” que, patrocinados pelo exterior, já teriam matado mais de 2.000 soldados e policiais.
O líder rebelde Riad al Asaad, que comanda da Turquia o grupo Exército Sírio Livre, defendeu uma intervenção internacional para substituir a missão árabe, que termina nos próximos dias. “A Liga Árabe e seus monitores fracassaram na sua missão, e embora respeitemos e apreciemos os nossos irmãos árabes por seus esforços, achamos que eles são incapazes de melhorar as condições na Síria ou de resistir a esse regime”, disse ele à Reuters por telefone. “Por essa razão, pedimos a eles que entreguem a questão ao Conselho de Segurança da ONU, e pedimos à comunidade internacional que intervenha, porque ela é mais capaz de proteger os sírios a esta altura do que nossos irmãos árabes.”
A missão árabe monitora a implementação de um acordo de paz que prevê a desmilitarização das cidades, a libertação de manifestantes presos e o estabelecimento de diálogo entre governo e oposição.
Assad, no poder desde 2000, promete fazer reformas, mas disse neste mês que irá esmagar os “terroristas” com “mão de ferro”.
A rebelião popular começou de forma pacífica, tendo como inspiração a chamada Primavera Árabe, mas ganha cada vez mais contornos de uma guerra civil, com a participação de militares desertores e de outros rebeldes armados contrapondo-se às forças do governo.
A agência estatal de notícias Sana disse nesta terça-feira que foguetes disparados por militantes mataram um oficial militar e cinco subordinados dele num posto de controle rural nos arredores de Damasco, deixando também sete feridos. Na véspera, segundo a agência, pistoleiros mataram um brigadeiro leal a Assad.
Na cidade de Homs, ativistas disseram que um tanque fez disparos contra o bairro de Khalidiya, após uma noite de protestos contra o presidente. Um vídeo no YouTube mostrou uma multidão dançando e agitando a antiga bandeira da Síria, abandonada depois que o partido Baath, de Assad, assumiu o poder, em 1963.
Os ativistas também disseram que houve confrontos entre rebeldes e soldados no bairro. Houve relatos também de que um homem foi morto a tiros em uma barreira militar em Qatana, subúrbio de Damasco, e que um ativista foi morto por um franco-atirador em Khan Sheikhoun, no noroeste do país.
O mandato da missão da Liga Árabe termina na quinta-feira, e o bloco regional irá em breve decidir se retira os 165 monitores do país ou prorroga a sua permanência. A Liga pode remeter o caso da Síria ao Conselho de Segurança, mas China e Rússia têm usado o seu poder de veto nessa instância para impedir qualquer ação internacional contra Assad.