A EuropeAid, um dos departamentos da Comissão Europeia, está a co-financiar, com 1,3 milhão de euros, um projecto de desenvolvimento da agricultura nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, norte de Moçambique.
Trata-se de um projecto de dois anos com enfoque na melhoria do acesso a sementes de qualidade, aumento da produção de sementes e de culturas alimentares, bem como na redução das perdas pós-colheita, escreve o portal de notícias “Worldandmedia”.
Segundo a EuropeAid, um dos maiores desafios que os camponeses moçambicanos enfrentam está associado com a falta de dinheiro para sobreviver entre as colheitas.
Para a sua sobrevivência, alguns camponeses vendem parte considerável da sua produção, sem, no entanto, incluindo as sementes que deveriam ser usadas na seguinte campanha agrícola.
O projecto co-financiado por este departamento visa minimizar esse problema, que é exacerbado pela contínua utilização de métodos obsoletos de conservação da sua produção.
“Agora usamos variedades de sementes de milho que são produzidas num período mais curto e em grandes quantidades. O projecto ajudou-nos a escolher a melhor terra e período da sementeira, o que aumentou os nossos rendimentos e com os silos podemos conservar melhor a nossa produção”, disse Caura, uma das camponesas beneficiárias da iniciativa.
Estimativas desta organização indicam que pelo menos 38 mil famílias rurais são abrangidas pelos 150 conselhos de camponeses treinados em tecnologias pós-colheita, produção de semente de qualidade e gestão do banco de sementes, actividades que visam melhorar a segurança alimentar na região.
A maioria do trabalho tem como enfoque a combinação de conhecimento local com as tecnologias modernas. Assim, os silos melhorados de conservação são construídos com base no material local, mas incorporam uma componente de uso de repelentes para reduzir a acção de insectos.
“O projecto tem um grande lado positivo porque apoia os métodos que são facilmente adaptáveis ao nível local. O projecto melhorou a situação de segurança alimentar e aumentou os rendimentos das famílias rurais”, disse Mamudo Ibraimo, técnico agrícola.
Refira-se que o milho é uma das principais culturas em Moçambique, ocupando cerca de metade da terra usada para a produção de alimentos. Contudo, a sua produtividade ainda é muito baixa, registando ma média de cerca de uma tonelada por hectare, de acordo com o Centro Internacional de Melhoria do Milho e do Trigo (CIMMYT).
O CIMMYT, uma organização não governamental sem fins lucrativos com sede no México, tem vindo a trabalhar com o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) desde 1995 na melhoria dos rendimentos agrícolas através do desenvolvimento de variedades de milho e híbridos.