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Ex-guerreiros da Renamo revoltam-se contra Dhlakama Exigindo manifestações para destituir a Frelimo

Os antigos guerrilheiros da Renamo dizem estar cansados de promessas de manifestações há muito anunciadas pelo seu líder Afonso Dhlakama, e, num encontro havido, Sábado, nas instalações da Comunidade de Sant’Egidio, na cidade de Nampula, entre Dhlakama e os ex-guerreiros, estes “encostaram o seu líder na parede”.

Alguns analistas dizem tratar-se de uma encenação do próprio presidente da Renamo para pressionar Armando Guebuza a desembolsar dinheiro para sossegar Dlhakama.

Outros, que se dizem mais por dentro do cenário, alegam que o caso é mesmo sério e para sustentarem os seus argumentos falam até da existência de bases militares já accionadas em Nampula e outras províncias para daí ser desencadeada a “revolução” caso o líder da Renamo continue a tentar travar as “manifestações” que tem vindo a adiar sucessivamente.

Nas instalações da Comunidade de Sant’Egidio, na cidade de Nampula, estavam mais de quinhentos desmobilizados de guerra. O encontro foi solicitado por eles ao líder da Renamo. Quando chegou ao local, como é habitual, Dhlakama foi recebido com pompa, tendo de imediato falado à Imprensa.

“A conferência provincial com os desmobilizados de guerra é a pedido destes”, começou por dizer, suscitando, desde logo, comentários segundo os quais se iria assistir a uma encenação. Mal Afonso Dhlakama entrou na sala de conferência os ataques começarem.

Três desmobilizados de guerra da Renamo acusaram logo Dhlakama de estar a demorar a dar início às “manifestações para depor a Frelimo”, que há muito promete e sucessivamente adia.

Logo depois das saudações, um dos desmobilizados, sem autorização prévia para falar como tem sido praxe, levantou-se e disse, “Dhlakama é comprometido, senhores”. Pediu a realização das manifestações imediatamente.

Um outro ex-guerilheiro, fazendo coro, intervém e diz que a única coisa que quer neste momento é “guerra para tirar a Frelimo e o Guebuza do poder”. Acusa, entretanto, Dhlakama de estar a proteger a Frelimo e Guebuza. “Tem estado a protegê-los”.

Até à retirada de Afonso Dhlakama, as discussões, no Domingo, continuaram à porta fechada. A situação na sala, segundo as fontes, esteve conturbada e tido indica que saíram de lá sem solução. A vontade prevalecente é de retornarem à guerra civil.

Domingo, Dhlakama marcou o encerramento do encontro para a sede da Renamo na cidade de Nampula, situada na Rua dos Sem Medo, mas acabou por não comparecer. Mandou apenas comidas e bebidas mas ele não se fez presente.

Domingo, Dhlakama saiu fortemente escoltado das instalações da Comunidade de Sant’Egidio, na cidade de Nampula, onde decorreu o encontro de dois dias.

Dhlakama explica-se

No encontro, ainda Sábado, em reacção ao posicionamento dos desmobilizados do seu partido, Dhlakama pronunciou, “Vocês têm a vossa razão e eu sei muito bem a vossa situação mas se eu fosse comprometido não estaria aqui. Eu abandonei a minha casa em Maputo, onde vivia perto de Guebuza e embaixadores, para proteger o povo”.

“Eu sei o que estou a fazer. Estou a preparar a segurança da manifestação porque não quero que aconteça aquilo que aconteceu em Montepuez”, explicou o líder da Renamo. Dhlakama recorreu à História para mostrar aos ex-guerreiros que ele está totalmente desvinculado da Frelimo. “Eu saí da Frelimo em 1977. Já fui da Frelimo”.

Afonso Dhlakama acabaria a certa altura por dizer: “A manifestação vai acontecer até à próxima semana (N.R.: esta semana) e aquele que disparar contra os manifestantes será morto no local”.

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