À margem do seminário levado a cabo de 11 a 13 de Janeiro corrente, pela Associação dos Estudantes Finalistas Universitários de Moçambique (AEUFUM), o embaixador de boa vontade para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) em Moçambique, disse que os jovens devem dar o seu contributo directa ou indirectamente para a materialização das metas definidas.
Henrique Cau disse ainda que o seminário de três dias, realizado no anfiteatro da Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane. serviu de um pretexto para munir aos jovens que na próxima semana vão aos distritos, no âmbito do projecto “Férias Desenvolvendo o Distrito”.
“Durante este ciclo de palestras aprendeu-se muita coisa, estiveram presentes vários apresentadores ou oradores especialistas em diversas áreas, e cada um deles trouxe temas que vão incentivar e encorajar os jovens que vão aos distritos”, conta para depois ajuntar que os jovens devem ir aos distritos reconhecendo as diferenças que existe entre eles e com a capital do país, donde a maioria é oriunda.
Cau, na sua apresentação, versou sobre o “Papel da Juventude no cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”, durante a qual disse que estamos há escassos anos do prazo do cumprimento desses objectivos (2015), “não podemos nos dar por fracassados ou derrotados antes do fim. Apesar de haver fragilidades nalgumas áreas, como saúde materno-infantil, igualdade de género e empoderamento da mulher, universalização do ensino primário, Moçambique esta num bom caminho rumo ao cumprimento das metas estabelecidas pelas Nações Unidas”, acrescenta.
Cau avançou que tem estado a diminuir significativamente o número de mulheres que dão parto fora das unidades sanitárias, mais ainda, as mulheres têm ganhado mais consciência relativamente a saúde materno-infantil, “elas já se dirigem as consultas pré-natais para o acompanhamento médico do seu estado gestacional”, conta.
Qualidade de ensino um caos
Quanto a qualidade de ensino ainda há muito que se fazer, a qualidade esta aquém do desejado, a isso, estão aliados o fragilizado Sistema Nacional de Educação (passagens automáticas), fraca entrega e empenho dos alunos, o não acompanhamento dos encarregados de educação aos seus educandos, a falta de salas de aula, entre outros factores que directa ou indirectamente comprometem a qualidade de ensino no país.
Ainda no que tange ao ensino, a desigualdade do rácio alunos/alunas continuam abismal, pois temos mais rapazes do que raparigas nas escolas, para além disso, muitas raparigas desistem da escola por causa do casamento prematuro, gravidez precoce e outros hábitos culturais que impedem a permanência da rapariga na escola.
Os ODM’s são uma miragem
Por seu turno os jovens estudantes participantes do seminário foram unânimes ao afirmar que os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, estão aquém de ser cumpridos, se tivermos em conta que faltam apenas três anos e Moçambique parece nada ter feito em relação ao cumprimento dessas metas.
José Tovele, estudante finalista da Universidade Pedagógica, disse por exemplo que no tocante ao ensino, as coisas estão num mau caminho, “ainda existem muitas crianças fora do sistema escolar, crianças que estudam ao relento expostas as intempéries”, conta para depois acrescentar que a política das passagens automáticas põem em causa a qualidade de ensino, pois o governo preocupa-se com as metas e tão menos com a própria qualidade de ensino.
Para Ainda Malane, as reprovações havidas o ano passado nos exames finais da 10ª e 12ª classes foi corolário da fragilizada qualidade de ensino no país, esta jovem vai mais longe ao recear que as crianças de hoje cujas classes são abrangidas pelas passagens automáticas tenham um futuro turvo.
Entretanto, no fim do seminário de três dias, o coordenador-geral da Associação dos Estudantes Finalistas Universitários Moçambicanos (AEUFUM), Ivo Mapanda, disse que a avaliação é positiva, os jovens participantes puderam colher muito conhecimento de especialistas em diversas áreas, “eles já estão munidos para lidar com a realidade que poderão encontrar nos distritos. É preciso que eles tirem proveito das potencialidades que os distritos apresentam”, comenta para depois acrescentar que a partir do dia 20 de Janeiro corrente cerca de 500 estudantes serão enviados aos distritos no âmbito do projecto “Férias Desenvolvendo o Distrito” levada acabo pela sua associação desde ano 2006, sendo esta a sexta edição.