A agência de classificação de risco Standard & Poor’s promoveu nesta sexta-feira um rebaixamento em massa de países da zona do euro, tirando de França e Áustria a nota AAA, a mais alta, numa decisão que pode complicar os esforços para resolver a crise da dívida europeia. A Alemanha, maior economia do bloco, foi poupada.
“As ações tomadas hoje (sexta-feira) pela nossa equipe são essencialmente porque as iniciativas políticas que vêm sendo adotadas pelos políticos europeus nas recentes semanas podem ser insuficientes para enfrentar totalmente o estresse sistêmico na zona do euro”, informou a agência norte-americana.
Nove dos 17 membros da zona do euro tiveram suas notas de crédito rebaixadas pela S&P. A França e outros quatro países sofreram redução em um grau, enquanto Portugal, Itália, Espanha e Chipre caíram dois graus. Portugal teve sua nota reduzida para “junk”, enquanto que a Itália passou a ter a mesma nota BBB+ que o Cazaquistão.
A S&P reafirmou os ratings de outros sete países da zona do euro. A agência informou que dos 16 países analisados, todos, exceto Alemanha e Eslováquia, estão com perspectiva negativa, o que significa que novos rebaixamentos são possíveis nos próximos dois anos.
Mais cedo, o ministro francês das Finanças, François Baroin, chegou a minimizar o impacto do rebaixamento sobre a segunda maior economia da Europa, que passou a ter a nota “AA+” pela primeira vez desde 1975. “Isso não é uma catástrofe. É uma nota excelente, mas não é uma boa notícia”, disse Baroin à TV France 2, acrescentando que o governo não iria responder com mais medidas de austeridade.
Em comunicado conjunto, os ministros de Finanças da zona do euro argumentaram que já tomaram “medidas de longo alcance” para enfrentar a crise de dívida na região e que estavam acelerando reformas para fortalecer a união econômica da região. Além disso, disseram que vão trabalhar para manter a nota máxima nos fundos de regaste da região.
A ação da S&P nesta sexta-feira, no entanto, deve trazer uma série de rebaixamentos de grandes bancos europeus, além de empresas e entidades governamentais. Isso pode incluir o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês).
Um rebaixamento pode levar a um encarecimento nos custos de empréstimos ao fundo, reduzindo sua habilidade para proteger os membros mais fracos do bloco econômico. A S&P informou que a série de rebaixamentos nos ratings de países da zona do euro aconteceu, entre outros motivos, pela deterioração fiscal e ambiente recessivo e mais aversão a risco de investidores.
A agência informou ainda que vê riscos de exaustão das reformas na região que poderiam levar à menor previsibilidade das políticas. A S&P também informou que as chances de o rating da França ser rebaixado novamente em 2012 ou 2013 é de pelo menos um terço.
Em agosto do ano passado, a S&P rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos de longo prazo em um ponto, de “AAA” para “AA+” devido às preocupações com o déficit orçamentário e o crescente endividamento do país.