Confrontos entre policiais e manifestantes que exigiam a renúncia do prefeito dum povoado amazónico, na Bolívia, deixaram três civis mortos e 60 feridos, informou o governo boliviano, esta Quinta-feira.
A violência política no povoado de Yapacaní, no Departamento de Santa Cruz, leste do país, parece mostrar novamente as crescentes dificuldades que o autoproclamado “governo de movimentos sociais” do presidente Evo Morales enfrenta para controlar os seus seguidores.
As mortes em Yapacaní ocorreram entre a tarde e a madrugada da Quarta-feira, quando centenas de pessoas tomaram a sede do governo municipal para expulsar o prefeito David Carvajal, que havia sido conduzido ao cargo, dois dias antes, por uma ordem judicial.
No último fim de semana, os produtores de coca de uma região situada ao norte de La Paz, que são supostos aliados do governo, expulsaram um grupo de militares acusando-os de cometer abusos nas tarefas de redução das plantações de coca próximas ao povoado de Caranavi, onde outros protestos sindicais deixaram mortos em 2010.
“Ontem em Yapacaní houve uma morte nos confrontos na prefeitura e a polícia sofreu graves agressões quando retirava-se do lugar. Fomos informados, posteriormente, da morte doutros dois manifestantes”, disse aos jornalistas o ministro de Governo, Wilfredo Chávez.
“O governo pediu a formação imediata duma comissão de fiscalização para determinar os responsáveis”, concluiu. O governo anunciou investigações similares para outros actos de violência, entre eles um notável caso de repressão policial a uma marcha indígena, ano passado, mas nenhuma resultou em processos judiciais até agora.
Chávez antecipou que a polícia não será responsabilizada pelas mortes da Quarta-feira, pois duas das mortes foram provocadas por tiros de escopeta que, segundo assegurou o ministro, os oficiais não portavam.
A mídia local divulgou versões contraditórias sobre uma suposta renúncia do prefeito Carvajal, que foi destituído por um conselho local, em Dezembro passado, e substituído por outro oficial, Zenobio Meneses.
A violência surgiu esta semana, quando Carvajal recebeu amparo constitucional e tentou voltar à prefeitura. O Movimento ao Socialismo, liderado por Morales, controla mais de dois terços dos mais de 200 municípios do país.