Duas bombas explodiram, esta Segunda-feira, perto de multidões de peregrinos xiitas em Bagdad, no Iraque, deixando pelo menos 15 mortos e outros 52 feridos, segundo as fontes policiais e hospitalares.
Milhares de xiitas realizam, actualmente, a peregrinação anual à cidade sagrada de Kerbala para o ritual do Arbain, no meio duma grave crise política iniciada quando o primeiro-ministro Nuri al-Maliki, que é xiita, pediu a prisão dum vice-presidente e a demissão dum vice-premiê, ambos sunitas.
A crise ameaça desestabilizar a coalizão do governo que reúne a maioria xiita e as minorias sunita e curda, e pode desencadear uma onda de violência sectária num momento em que os Estados Unidos acabam de retirar as suas forças do Iraque.
As fontes policiais e hospitalares disseram que um homem-bomba, que conduzia um carro, saiu duma rua transversal e aproximou-se dos peregrinos que percorriam uma rua movimentada do bairro de Bayaa, na zona sudoeste de Bagdad, num ataque que deixou nove mortos e outros 28 feridos.
No bairro de Shaab, na zona norte da capital, um carro estacionado perto dum mercado explodiu, matando dois civis e quatro policiais encarregados de proteger os peregrinos, segundo as fontes.
Esse ataque deixou pelo menos 24 feridos. Uma fonte policial disse que os frequentadores do mercado, protegidos por muralhas de concreto, mal notaram o ataque, mas os que peregrinos que estavam no outro lado da rua foram muito atingidos.
Vários ataques contra peregrinos xiitas têm sido registrados nos últimos dias no Iraque. No início desta Segunda-feira, duas bombas deixadas na zona sul de Bagdad mataram duas pessoas e feriram 12.
Na noite de Domingo, nove pessoas haviam ficado feridas por explosivos grudados sob o assoalho dum autocarro que transportava peregrinos afegãos.
Quinta-feira passada, explosões nos bairros xiitas mataram pelo menos 73 pessoas, sendo 44 num ataque suicida numa portagem policial perto da cidade de Nassiriya, no sul do Iraque.
Centenas de milhares de xiitas participam, todos os anos, na celebração do Arbain, que marca o fim de 40 dias de luto pelo imã Hussein, neto do profeta Maomé, morto na batalha de Kerbala, no século 7.
Os rituais xiitas têm sido alvos de ataques desde que Saddam Hussein foi derrubado em 2003 pelos EUA. Alguns grupos islâmicos sunitas, como a Al Qaeda, veem os xiitas como hereges.
Milhares de pessoas morreram em conflitos sectários no Iraque entre 2006 e 2007, quando o país esteve à beira duma guerra civil.