O fenómeno climático La Niña, responsável por uma forte seca, este ano, na América do Sul e no sudoeste dos Estados Unidos, pode durar mais do que o previsto, talvez até Maio, alertou, Quinta-feira, o Centro de Previsão Climática dos EUA.
“As últimas observações… sugerem que o La Niña será de fraco a moderado, este inverno, e vai continuar depois disso como um evento fraco, até que deve se dissipar nalgum momento, entre Março e Maio”, disse o CPC no seu relatório mensal.Foi a primeira vez que o CPC cogitou a hipótese de que o La Niña persista até a primavera boreal. Os meteorologistas antes esperavam que o fenómeno, que já causa preocupação nos mercados de cereais, oleaginosas, açúcar e café, persistisse durante o inverno boreal.
No relatório anterior, o CPC (ligado à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) disse que o La Niña perderia força no início da primavera.
O fenómeno, que pode durar muitos anos, deve-se ao aquecimento anormal das águas na região equatorial do oceano Pacífico – é o contrário do famoso El Niño. Ambos causam transtornos climáticos da América Latina à Índia, e talvez também na África.
Uma seca prolongada pode causar problemas para agricultores em vários Estados dos EUA, numa faixa das Carolinas ao Kansas. Oklahoma e Texas já estão com os seus solos esgotados devido à seca, e a persistência do La Niña pode significar mais uma cifra fraca para o algodão texano.
Mesmo antes da divulgação do alerta do CPC, a previsão da cifra argentina de milho para 2011/12 já havia sido revista para baixo por causa do La Niña.
Mesmo assim, a Argentina, segunda maior produtora mundial de milho, deve colher uma cifra recorde. Na Malásia, importante exportador de óleo de palma, fortes chuvas de monções causadas pelo La Niña ameaçam prejudicar a colheita dos frutos, elevando a cotação do produto.
As chuvas, no período de Dezembro a Março, também constituem uma ameaça para os cafeicultores da Colombia, maior produtor mundial de cafés de qualidade.
A persistência do La Niña até depois do inverno boreal também fará com que o fenómeno quase coincida com o início da temporada de furacões no Atlântico. Nos últimos dois anos em que houve La Niña, mais tempestades formaram-se.