A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi operada com sucesso, esta Quarta-feira, por causa de um cancro na tireoide e recupera-se sem complicações depois da retirada da glândula afectada, disse o porta-voz do governo.
A popular mandatária de 58 anos, que começou, mês passado, o seu segundo mandato de quatro anos, permanecerá internada por 72 horas, no início do tratamento de uma doença cujo anúncio comoveu o país.
Ela ficará afastada até 24 de Janeiro. “Durante a cirurgia que durou cerca de três horas e meia foi realizada uma tireoidectomia total, segundo o plano preestabelecido, com a paciente a apresentar boa recuperação pós-operatória imediata”, disse o porta-voz governamental Alfredo Scoccimarro.
Os especialistas sinalizam que trata-se duma doença com boas perspectivas de cura total para a mandatária, que venceu, em Outubro, as eleições, para um segundo mandato com apoio massivo.
Cristina está acordada e “receberá os cuidados pós-operatórios normais na área de internação geral”, acrescentou o porta-voz ao ler um boletim médico.
Quinta-feira, será divulgado um novo comunicado oficial sobre a evolução da presidente, que chegou de helicóptero com os seus filhos no hospital onde foi operada.
O anúncio de Scoccimarro foi comemorado por dezenas de simpatizantes da presidente, que se reuniram nos arredores da clínica localizada a 45 quilómetros de Buenos Aires para manifestar apoio e solidariedade à chefe de Estado.
“É nossa presidente e a queremos muito. Estávamos todos ansiosos para saber o que aconteceria. Ela é uma grande ajuda para todos nós. Vim e estou orgulhosa por estar aqui e, por sorte, deu tudo certo. Agora é preciso esperar para que se recupere”, disse à Reuters Irma Acosta, de 60 anos, funcionária de uma cooperativa.
“Estamos contentes porque ela luta pelo bem-estar de toda a comunidade. Para mim é uma pessoa muito sensível, que coloca toda a sua vida em jogo para defender a nossa liberdade e o nosso bem-estar”, disse Margarita Sánchez, uma artesã e docente de 57 anos.
Muitos dos seguidores da Cristina exibiam cartazes com as frases “Força Cristina” e “Para frente Morocha (morena)”. O hospital estava sob severas medidas de segurança e alguns dos seus sectores foram fechados para receber a presidente e a sua comitiva.
Boudou na presidência
O cancro sem metástase foi detectado durante uma bateria de exames antes do Natal. Durante os 20 dias de licença, ela será substituída, nas suas funções, pelo vice-presidente do país, Amado Boudou.
Não é preciso que Boudou tenha que tomar decisões importantes nesse período, já que os poderes Judicial e Legislativo estão no período de recessão.
Cristina, do dominante partido peronista, começou, no dia 10 de Dezembro, o seu segundo mandato depois de ganhar as eleições com esmagadores 54 por cento dos votos.
O anúncio da sua doença apaziguou as reclamações dos sindicatos que provocaram tensão com o governo, numa espécie de trégua temporal, já que se espera que os sindicatos mantenham as suas exigências de subida salarial em linha com a inflação.
A presidente, uma das 20 mulheres mais poderosas do mundo, segundo a revista Forbes, foi operada no Hospital Austral, localizado na Avenida Juan Perón, em Pilar, no norte da capital argentina.
As especialistas são muito optimistas sobre sua recuperação e afirmam que mais de 90 por cento dos pacientes conseguem vencer a luta contra o cancro de tiróide.
“É uma patologia relativamente frequente e de muito bom prognóstico… Suponho que vai responder bem”, disse à Reuters Oscar Levalle, chefe de endocrinologia do estatal Hospital Durand.
Cristina junta-se à equpipe de líderes latino-americanos que receberam tratamento contra o cancro, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez; do Paraguai, Fernando Lugo; e do Brasil, Dilma Rousseff.