A polícia húngara deteve brevemente o ex-primeiro ministro socialista Ferenc Gyurcsany e vários outros parlamentares durante um protesto diante do prédio do Parlamento, onde o governo aprovou leis que, segundo a oposição, são um golpe à democracia.
O Parlamento, onde o partido governista Fidesz detém dois terços dos assentos, aprovou uma importante lei de estabilidade financeira apesar das objeções feitas pela União Europeia. A aprovação pode colocar em risco as conversações sobre um novo acordo de financiamento com credores internacionais.
A Hungria está a tentar garantir o acordo com o Fundo Monetário Internacional e com a UE para reter o acesso ao financiamento do mercado no ano que vem, mas as conversas informais fracassaram, levando a Standard and Poor’s a rebaixar os títulos da dívida da Hungria para a categoria “junk”.
O Parlamento também aprovou uma lei eleitoral, que os críticos afirmam mudará o sistema eleitoral em favor do Fidesz, e outros vários projetos polêmicos, levando os parlamentares de oposição a se acorrentarem a uma grade diante do Parlamento em protesto. Gyurcsany, que já liderou dois governos socialistas e agora é membro do Parlamento, foi retirado à força do protesto junto com diversos parlamentares do partido LMP, de oposição. Mais tarde, a polícia deteve o líder do Partido Socialista e outros vários parlamentares socialistas que tentaram evitar que os ativistas do LMP fossem levados de diante do Parlamento. Depois, os detidos foram liberados.
“A autocracia do primeiro-ministro Victor Orban não é mais capaz de tolerar nem mesmo a oposição e protestos pacíficos”, disse Gyurcsany à Reuters depois de ser libertado. O parlamentar Gabor Scheiring afirmou à Reuters: “Vim aqui pois é uma vergonha para a maioria governista que as pessoas tenham de defender a democracia parlamentar com os próprios corpos.” “Eles querem consolidar a taxa de imposto única, sob a qual a maioria da população acabará pior… e a maioria governista do Fidesz quer aprovar uma lei eleitoral hoje, com a qual tirarão das pessoas o direito de substituir esse governo.”