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Atentados em Bagdá matam 72 e tensão aumenta no Iraque

Uma série de explosões de bombas atingiu Bagdad, esta Quinta-feira, matando pelo menos 72 pessoas no primeiro grande ataque na capital iraquiana desde o início de uma crise sectária no governo, dias depois da cerimônia que marcou a retirada das últimas tropas norte-americanas do país.

Os atentados, aparentemente coordenados, foram o primeiro sinal de uma reacção violenta contra a decisão do primeiro-ministro xiita, Nuri al-Maliki, de afastar dois rivais sunitas, aumentando o risco de uma recaída no tipo de derramamento de sangue sectário que levou o Iraque à beira da guerra civil alguns anos atrás.

Pelo menos 18 pessoas foram mortas quando um homem, dirigindo uma ambulância, detonou o veículo perto de um prédio de uma agência do governo no bairro de Karrada em Bagdá, lançando uma nuvem de poeira e partes do carro num jardim de infância, segundo a polícia e autoridades da área de saúde.

“Ouvimos o som de um carro a passar, então o barulho dos freios do carro, e uma enorme explosão. Todas as nossas janelas e portas explodiram e a fumaça negra encheu o nosso apartamento”, disse Maysoun Kamal, que mora num prédio de Karrada.

A polícia e fontes de segurança disseram que houve mais de 10 explosões em toda Bagdad. A maioria dos bairros alvejados era muçulmana xiita. Um total de 217 pessoas ficaram feridas. Autoridades iraquianas, rapidamente, disseram que os ataques eram mensagens políticas enviadas durante a actual crise.

“O momento desses crimes e os locais onde foram perpetrados confirmam a todos… a natureza política dos alvos”, disse Maliki num comunicado.

Duas bombas explodiram no bairro de Amil, no sudoeste, matando pelo menos sete pessoas e ferindo outras 21, enquanto um carro-bomba explodia num bairro xiita em Doura, ao sul, matando três pessoas e ferindo seis, disse a polícia.

Mais bombas explodiram na área central de Alawi, Shaab e Shula, no norte, todas regiões de maioria xiita, e uma bomba na estrada matou uma pessoa e feriu cinco perto do bairro sunita de Adhmaiya, disse a polícia.

Uma mulher idosa, trajada de negro, gritava e chamava pelo seu marido, que estava debaixo dos destroços depois que duas bombas foram detonadas num mercado de verduras onde ambos trabalhavam. “Não consigo encontrar meu marido, não sei se o levaram ou não, eu não sei”, dizia.

A violência no Iraque diminuiu desde o auge da matança sectária em 2006-2007, quando homens-bomba e esquadrões da morte vitimavam as comunidades sunitas e xiitas em ataques contínuos que mataram milhares de pessoas.

O Iraque ainda combate uma insurgência persistente, com islamistas sunitas ligados a Al Qaeda e milícias xiitas – que as autoridades norte-americanas dizem ser apoiadas pelo Irão – lançando ataques diários.

EUA

Os Estados Unidos disseram que “tentativas como estas de desestabilizar o progresso do Iraque vão fracassar”.

Os últimos poucos milhares de soldados norte-americanos deixaram o Iraque no final de semana, quase nove anos depois da invasão que derrubou o ditador sunita Saddam Hussein. Muitos iraquianos disseram temer a volta da violência sectária sem a presença das forças militares norte-americanas.

Apenas alguns dias depois da retirada, o frágil governo de coalizão do Iraque está lidando com sua pior crise desde sua formação, há um ano. Os blocos xiitas, sunitas e curdos dividem postos do governo em um sistema que tem sido prejudicado por lutas políticas desde seu início.

Esta semana, Maliki pediu a prisão do vice-presidente sunita Tareq al-Hashemi sob acusações de que ele teria organizado assassinatos e ataques a bomba, e pediu que o Parlamento demitisse seu vice sunita, Saleh al-Mutlaq, depois de ele ter ligado Maliki a Saddam.

Hashemi, que negou as acusações, se refugiou na região curda semiautônoma do Iraque, onde, provavelmente, não será entregue ao governo liderado por xiitas em Bagdad.

As medidas contra líderes sunitas alimentaram o fogo sectário porque os sunitas temem que o primeiro-ministro queira consolidar o domínio xiita no país. A minoria sunita do Iraque sente-se marginalizada desde a ascensão da maioria xiita no país após a invasão de 2003.

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