O presidente Mahmoud Abbas hasteou simbolicamente a bandeira palestina na sede da Unesco esta terça-feira para comemorar a adesão palestina como membro pleno da agência cultural da ONU, em outubro. Cerca de 50 convidados diplomáticos estavam presentes quando Abbas ergueu a bandeira ao som do hino nacional.
O presidente disse esperar que a medida na Unesco seja o começo de um reconhecimento internacional da Palestina. “É emocionante ver nossa bandeira ser erguida e tremular nesta bela cidade de Paris junto com as dos outros Estados. É um bom presságio de que a Palestina pode se tornar membro de outras instituições”, disse Abbas. “Esperamos ter um Estado independente no futuro, que conviverá lado a lado com Israel”, afirmou.
A aprovação da adesão à Unesco foi uma vitória diplomática para Abbas, que, na ausência de diálogos de paz com Israel, tem pressionado pelo reconhecimento do Estado palestino na ONU, medida que foi criticada pelo Estado judeu e pelos Estados Unidos. “Israel lamenta que uma organização responsável pela educação e ciência estivesse no coração de uma tomada de decisão baseada na ficção científica, ao incorporar uma entidade que não tem status jurídico como Estado”, disse a embaixada de Israel em Paris.
Rival de Abbas, o chefe da administração do grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, elogiou a incorporação à Unesco e disse que a comunidade internacional deveria “romper seu silêncio sobre a ocupação israelense, deixar de ser tendenciosa e reconhecer os direitos totais do povo palestino”.
Israel e os EUA dizem que só um tratado de paz poderia criar um Estado palestino universalmente reconhecido, mas os palestinos disseram ter perdido a paciência após 20 anos de negociações infrutíferas. A última tentativa de diálogo foi abandonada há mais de um ano, por causa da insistência de Israel em ampliar assentamentos em território ocupado. “Estamos fazendo o máximo para reiniciar as negociações”, disse Abbas a jornalistas. “Podemos conversar sobre segurança, fronteiras, mas Israel precisa parar os assentamentos. Se isso acontecer, eu volto à mesa.”
Mediadores internacionais ligados à ONU, União Europeia, EUA e Rússia viajam na quarta-feira a Jerusalém para tentar superar o impasse. Abbas solicitou em 23 de setembro a adesão plena à ONU de um Estado palestino formado por Cisjordânia e Faixa de Gaza, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
A proposta não tem chance de aprovação por causa do poder de veto dos EUA no Conselho de Segurança, mas mesmo assim Abbas disse que está articulando com vários países para levar o assunto a votação. “Pode acontecer a qualquer momento. Se não conseguirmos a maioria, tentaremos de novo.”