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Novo antimalárico com maior eficácia

Um novo medicamento antimalárico adaptado às crianças foi lançado, no passado dia 19, em Maputo, numa iniciativa desenhada com o objectivo de aumentar a eficácia no tratamento da doença e reduzir as mortes em crianças africanas com menos de cinco anos, actualmente estimadas em 700 mil por ano.

Coartem Dispersível, a nova droga, em forma de comprimidos, é a primeira no mundo desenvolvida num modelo de parceria público-privado, com o envolvimento de instituições africanas de pesquisa, incluindo o Centro de Investigação de Saúde da Manhiça (CISM).

O Coartem Dispersível é uma combinação de medicamentos que incluem um derivado de artemisinina, tendo sido desenvolvido conjuntamente pela Novartis Pharma e pela Medicines for Malária Venture (MMV), ambas da Suíça, a partir da versão

Coartem, que vem sendo usada no tratamento da malária em vários países africanos desde 2001. No entanto, e segundo dados divulgados no acto de lançamento, devido ao seu sabor amargo, muitas crianças acabavam abandonando o tratamento antes de receber as doses completas e efectivas, facto que reduzia a eficácia do medicamento na redução dos casos de malária no continente.

Foi para contornar esta situação que se desenvolveu a nova versão dispersível daquele medicamento, com sabor adocicado, facilmente aceite pelas crianças e que, segundo estudos conduzidos por diversas instituições de pesquisa, apresenta uma taxa de efectividade de cura na ordem dos 97,8 por cento.

Por outro lado, segundo dados aflorados na ocasião, o Coartem Dispersível foi desenvolvido tendo em conta a necessidade de assegurar a redução e/ou eliminação do risco de resistência, e facilitar a sua administração em bebés e crianças. O medicamento está a ser distribuído pelos produtores ao preço de 0,37 dólares, mas, devido ao subsídio até aqui concedido pelo Fundo Global, o mesmo chega gratuitamente aos doentes atendidos a nível do serviço público de Saúde.

Durante a cerimónia de lançamento do novo fármaco, foram feitas apresentações por um painel constituído pelo antigo primeiro-ministro moçambicano e presidente da Fundação Manhiça, Pascoal Mocumbi, e pelos vice-presidentes da Novartis e da MMV, nomeadamente Sílvio Gabriel e George Jagoe.

Na sua dissertação, Pascoal Mocumbi recordou que, em 2000, os chefes de Estado e de Governo africanos, reunidos em Abuja, na Nigéria, manifestaram a sua apreensão devido à morte de crianças vítimas da malária, tendo decidido fazer um apelo, primeiro a si próprios, como líderes de nações, e, depois, à comunidade internacional, através da qual manifestaram o desejo de que, no mais curto espaço de tempo, o continente dispusesse de condições para que os doentes de malária tivessem garantia de tratamento ainda no decurso das primeiras 24 horas após a infecção.

Em 2004 começaram a surgir os primeiros resultados do trabalho iniciado com o apelo dos chefes de Estado. O Coartem Dispersível é o primeiro medicamento de alta qualidade concebido para África, esperando-se, por isso, que venha a produzir um grande impacto na saúde pública, disse Mocumbi, que corrobora a convicção segundo a qual esta geração pode vencer a malária e até definir um prazo para a sua erradicação total.

Além de Maputo, cerimónias de lançamento do novo medicamento em África realizaram-se também nas cidades de Dakar, no Senegal e Dar-es-Salaam, na Tanzania. No entanto, a sua utilização foi aprovada em outros 17 países
africanos.

 

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