O sector agro-pecuário em Moçambique registou, no biénio 2009/10, um crescimento na ordem de 45.6 por cento em relação a área cultivada nas pequenas, médias e grandes explorações, em comparação com igual período em 1999/2000.
A população agrícola cultiva, actualmente, uma área de cerca de 5.6 milhões de hectares, o que corresponde a 15,6 por cento dos 36 milhões de hectares da terra arável existentes a escala nacional.
O salto quantitativo e qualitativo contempla igualmente as áreas referentes ao número de explorações, onde houve uma subida de 24,9 por cento no período 2009/10, se comparado com o intervalo 1999/20, assim como em relação ao número de explorações por sexo estando os homens a representar 72,62 por cento.
A constatação foi apresentada hoje, em Maputo, na cerimónia de divulgação dos resultados definitivos do 2/o Censo Agro-pecuário (CAP 2009/10), inserido no Plano Estratégico 2008/12 do Sistema Nacional de Estatística, aprovado pelo Conselho Superior Estatístico e das recomendações da FAO.
João Loureiro, presidente do Instituto Nacional de Estatística (INE), que apresentou os dados definitivos, disse que em Moçambique existem cerca de 3.8 milhões de explorações agrícolas, o que representa cerca de 75.1 por cento dos agregados familiares existentes em todo o país.
Do total das explorações agrícolas, segundo Loureiro, são pequenas e médias e deste universo 27.5 por cento são chefiadas por mulheres.
“As pequenas e médias explorações perfazem 98.7 por cento da terra actualmente trabalhada, das quais 57 por cento são ocupadas por culturas básicas alimentares”, disse Loureiro, acrescentando que cerca de 72 por cento das explorações tem menos de dois hectares de áreas cultivadas e apenas 0.4 por cento têm uma área cultivada superior a 10 hectares.
“Das áreas cultivadas, cerca de 57 por cento são ocupadas por culturas alimentares básica”’, apontou o presidente. No sentido de tornar valioso o desenvolvimento destas culturas alimentares é preciso empregar outros elementos como a rega, fertilizantes e pesticidas.
Desta feita, o CAP apurou que cerca de 5.5 por cento das explorações usam a rega, 3.9 por cento os fertilizantes e 2.6 usa pesticidas.
O CAP verificou, em termos de meios de mecanização agrícola e transporte, que cerca de 32.2 por cento usam bicicletas para o transporte e escoamento dos seus produtos, e 1.8 charruas e apenas 1.6 usam tractores.
No capítulo dos efectivos pecuários, o Censo Agro-pecuário apurou que existem no país 24 milhões de galinhas, 1.3 milhões de bovinos e apenas 5.4 por cento das explorações criam bovinos, enquanto 61 por cento têm criação de galinhas.
No âmbito da segurança alimentar, cerca de 42,2 por cento dos agregados familiares experimentaram em algum momento a falta de alimentos, sendo que destes mais de metade apontaram a falta de chuvas como a principal razão para a escassez de alimentos no período observado.
O governo dá elevada importância à agricultura considerada o cerne da economia nacional no que respeita a produção de alimentos para a população, geração de emprego, produção de matéria-prima para agro-indústria e para a exportação, entre outros aspectos. Desta feita, segundo Loureiro, a agricultura pode ser considerada um “motor de crescimento” da economia.