A polícia expulsou este sábado os manifestantes da Praça Tahrir, no Cairo, que haviam acampado durante a noite depois de um protesto de 50 mil pessoas, principalmente islâmicos, que pediam aos governantes militares a rápida transferência de poder para um governo civil.
Cerca de 100 manifestantes haviam permanecido na praça, onde a polícia começou a desmontar barracas e confiscar cadeiras e cartazes, disseram testemunhas à Reuters. Homens de barba e mulheres com véus eram a maioria na manifestação deste sábado, no que parecia ser o maior desafio islâmico ao governo militar desde que uma revolta massiva, em fevereiro, derrubou o governo autocrático do presidente Hosni Mubarak.
Partidos liberais e de esquerda também marcharam para a Praça Tahrir para participar da manifestação, mas o protesto era amplamente islâmico, com membros do partido “Libertação e Justiça”, da Irmandade Muçulmana, e salafis mais rígidos, representados por diversos partidos.
Os manifestantes expressaram a sua revolta contra um esboço de Constituição que o vice-primeiro ministro, Ali al-Silmi, apresentou para grupos políticos no começo do mês, que daria ao Exército autoridade exclusiva sobre suas questões internas e seu orçamento.
As eleições parlamentares do Egito, as primeiras desde que Mubarak foi deposto e que deve ser o primeiro passo significativo rumo a um sistema democrático civil, devem começar em 28 de novembro. Mas a votação poderá ser prejudicada se partidos políticos e o governo não conseguirem resolver os seus desentendimentos com relação à proposta constitucional que negaria a supervisão parlamentar sobre o Exército, o que potencialmente permitiria às forças armadas desafiar um governo eleito.
Mais de 39 partidos e grupos políticos juntaram-se ao protestos de sexta-feira depois que negociações sobre o projeto constitucional fracassaram entre grupos islâmicos e o gabinete.