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Khanimbo às lendas da música moçambicana!

Khanimbo às lendas da música moçambicana!

A cidade de Maputo colheu na noite de ontem, quarta-feira, o lançamento de mais um trabalho discográfico do célebre saxofonista moçambicano, Moreira Chonguiça. O álbum que se chama “Khanimambo – Moreira Chonguiça homenageia lendas de Moçambique Vol. 1” conflui dez artistas conceituados, a quem o artista – por tudo quanto estes fizeram (por si e) pela cultura moçambicana – diz “obrigado”.

Em princípio, por qualquer motivo perguntasse a um moçambicano – em condições normais – o que são Zena Bacar, Chico António, Chico da Conceição, Aly Faque, Elvira Viegas, Júlia Mwitu, Wazimbo, Hortêncio Langa, Xidiminguana, Dilon Djindje, certamente que diria são músicos. Ou melhor, são conceituados músicos moçambicanos.

No entanto, Chonguiça durante muito tempo encontrou muito mais do que isso. Encontrou amigos, familiares, referências, ou mesmo pessoas próximas a quem por várias vezes, mas acima de tudo por fazer da música uma arte, qualquer coisa de nobre. Personalidades que lhe inspiraram a dar sérias pegadas neste denominador comum entre eles que é a música. Um dia, artista decidiu levar a sua vocação, a de fazer música, ao extremo e, entrou numa das melhores academias musicais da (vizinha) “terra do rand” até que, de há alguns tempos para cá, se tornou num exímio saxofonista. Mais importante ainda, ao que tudo indica, ainda que desenvolva um estilo musical diferente, o jazz, ou afro-jazz, Chonguiça não se esqueceu dos seus gurus, quais embondeiros da cultura musical moçambicana.

“O que achei fascinante, e que não tinha sido previsto nem planeado, foi quando me aproximei a cada artista para participar, individualmente, trouxeram-me uma música que era tão diferente da música seguinte”, comenta o artista em um documento em poder do @Verdade.

O disco com duração de 75 minutos de som é uma mescla de géneros e sonoridades musicais ímpares, desde a música tradicional moçambicana, a marrabenta, o Rock, as baladas, muitos dos quais, senão todos, sofreram alguns efeitos jazz(ificantes), o que os tornou em novas criações quase original. Em cada faixa – das 18 – cada um dos artistas, incluindo o nonagenário Moisés Mandlate, introduzem a música com um comentário insólito sobre a sua origem, a concepção sobre a música, entre outras “paranóias” da arte.

Espera-se que este projecto (que tem o mérito de juntar no mesmo espaço vários artistas de linhagens, pensamentos, géneros musicais diferentes) “sirva de trampolim para a música moçambicana alcançar o estágio da música internacional”, unificando cada vez mais o país. Até porque Chonguiça acredita que “o álbum expõe a alma moçambicana, mostrando a diversidade geográfica, etnográfica e rítmica” de um país vasto e multi-cultural, Moçambique. Este pensamento deve-se ao facto de cada artista participante cantar em sua língua materna, apresentando um ou dois depoimento sobre a sua criação artística, ao mesmo tempo que todos – ou pelo menos quase todos – são de oriundos de diversa regiões de Moçambique.

Refira-se que o referido disco, além dos dez artistas, associa ainda emoções, sentimentos como dor, alegria, amor, tempos memoráveis e imemoriais, mas acima de tudo uma esperança de um país melhor. É, provavelmente, por essa razão que em “Khanimambo! Moreira Chonguiça homenageia lendas de Moçambique” se acredita estar-se, não somente a instaurar um novo capítulo no percurso de Chonguiça, mas também da história da música moçambicana, porque a iniciativa, em si, é inédita.

Em relação à qualidade das músicas as críticas são simplesmente favoráveis. Há muita espiritualidade, muita vida, muita instrução, muitos valores morais apregoados, enfim, muita moçambicanidade. Mas é (sempre) melhor escutar o álbum. Refira-se que a produção do “Khanimambo” contou com o patrocínio do Banco Comercial de Moçambique – o BCI – que nos últimos dias tem assumido algum protagonismo no que se refere ao apoio ao desenvolvimento artístico e cultural. Aliás, depois de considerar que os artistas “atingidos” pelo projecto “Khanimambo” são não somente “reservatórios da cultura”, mas acima de tudo “da história moçambicana”, o presidente do Conselho Executivo do BCI considerou que “ainda temos feito pouco pela cultura moçambicana”, prometendo que “o actual Conselho de Administração do Banco continuará a fazer o seu máximo para apoiar o desenvolvimento da cultura moçambicana”.

Na ocasião, quase todos, os músicos mostraram-se visivelmente emocionados com a iniciativa, até que Humberto Benfica, ou simplesmente, Wazimbo revelou que “eu não sabia que era uma lenda para este país. O Moreira Chonguiça trouxe-me uma lição com este projecto, um exemplo que deve ser seguido por todos”. Por sua vez, o decano da música tradicional moçambicana, Chico da conceição considerou estimar a iniciativa de Chonguiça, sobretudo “por ser um jovem”, o que para si, tal atitude significa ”bom juízo”. @Verdade conversou com os demais artistas, tendo colhidos declarações interessantes que podem ser lidas semana que vêm no semanário, publicado às sextas-feiras.

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