O ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chicoti, apresentou esta segunda-feira em Maputo ao Presidente moçambicano, Armando Guebuza, desculpas formais do seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, pela expulsão em agosto de dois jornalistas moçambicanos de Angola.
As autoridades de Migração no aeroporto de Luanda recusaram a entrada no país dos jornalistas Joana Macie, do Diário Notícias, e Nelo Cossa, do semanário Magazine Independente, por supostas irregularidades nos vistos de entrada, emitidos pela Embaixada angolana em Maputo, recambiando-os para Moçambique. Os jornalistas em referencia haviam se deslocado àquele país para participar numa conferência organizada pelo centro local de Formação de Jornalistas.
“Foi um incidente infeliz que não pode assombrar as nossas relações com Moçambique. Portanto, a mensagem reitera as boas relações de cooperação existentes entre os dois países que e preciso preservar. Lamentamos o facto e a forma como estes jornalistas foram tratados”, disse o chefe da diplomacia angolano. “O oficial de migração que tratou deste assunto tem o direito de julgar o caso de acordo com a lei, podendo autorizar ou não a entrada”, referiu Chikoti, reconhecendo que o incidente deu-se com outras pessoas mas que, no caso dos dois moçambicanos, houve excesso de zelo por parte do funcionário ao rasgar os vistos.
O incidente, segundo o governante angolano, ocorreu numa altura em que Angola tinha o seu sistema de segurança bastante apertado por causa da cimeira dos Chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), que estava a decorrer em Luanda, e que, apesar disso, nada justifica que os jornalistas tenham sido tratados daquela maneira. “Nos como políticos temos que trabalhar para manter as boas relações de cooperação entre os dois países. Queremos que haja uma melhor preparação dos oficiais de migração porque quando se trabalha num ambiente de segurança redobrada tem que haver sempre a necessária coordenação”, explicou.
O desafio que se coloca a Angola, que segundo Chokoti recebe actualmente cerca de mil pedidos de vistos por dia de países como Africa do Sul, Moçambique, Brasil e Portugal, e’ modernizar os procedimentos, reduzir a burocracia e o tempo de espera, sem descurar a componente segurança. “Estamos agora a facilitar a emissão de vistos para algumas categorias sócio-profissionais e a emitir o visto on-line entre Maputo e Luanda para permitir a fácil circulação de pessoas, não só no espaço da SADC, como também no mundo em geral, tendo em conta a dinâmica actual das sociedades”, concluiu Chikoti.