Secretários de alguns bairros na cidade de Quelimane, nomeadamente os do bairro Floresta, Torrone Novo, Santagua, têm vindo a recolher cartões dos eleitores. Até agora ninguém sabe o porquê desta acção que tem vindo a ser levada a cabo pelos secretários e outras estruturas destes bairros. Informações recolhidas nas imediações do posto de recenseamento aberto na Escola Secundária Eduardo Mondlane, na zona da Floresta, dão conta de que nas imediações daquele posto, ficam pessoas com cadernos ou alguns blocos de notas.
Quando o eleitor actualiza ou recenseia-se, no caso dos novos eleitores, estes indivíduos recolhem os cartões, alegando que vão tirar alguns dados e depois os proprietários poderiam ir a casa do secretário para ter de volta o seu cartão.
Esta segunda-feira, um repórter freelancer assistiu a um caso desta natureza em que um jovem acabava de recensear-se, dai foi interpelado por um cidadão que lhe questionou se havia recenseado. O jovem disse que sim, dai houve uma conversa de pelomenos 3 minutos entre ambos.
Após esta conversa, o jovem cedeu o cartão de eleitor, com alegação de que iria levar após as eleições na casa do secretário do bairro, já que o conhecia.
Um jovem que se identificou por Alferes disse ter sido vítima desta acção. Alferes fez saber que o seu cartão foi recolhido pelo secretário do bairro onde reside.
Quando perguntado quais eram os motivos desta recolha de cartão, a fonte disse não entender, mas sim, a única informação que teve pelo secretário do seu bairro é que uma brigada estava a extrair alguns dados para se ver se de facto ele é morador daquele bairro ou não.
Por outro lado, o interlocutor explicou que, quando foi cobrar o seu cartão, recebeu ameaças do secretário do seu bairro, alegando que o jovem não era do seu lado, ou seja, pertencia a oposição.
“Fui pedir meu cartão, porque quero votar no dia 7, mas o senhor secretário disse-me que eu não era do seu partido” – lamentou a fonte.
Na mesma ocasião, o Diário da Zambézia interpelou um cidadão que estava num posto de Namuinho, que disse também ter sido vítima. Mas este diz que a pessoa que recolheu o seu cartão deslocava-se numa motorizada e tinha um guia do bairro que ele não quis revelar.
Enfim, antes mesmo do processo terminar, muita tinta vai ser drenada, numa altura em que os partidos políticos tentam tirar dividendos, e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), desmente os factos, no terreno, os secretários a mando de quem não se sabe, vão fazendo das suas, há 42 dias para as eleições intercalares de 7 de Dezembro, que vão decorrer em Cuamba, Pemba e Quelimane.