Pouco mais de 500 membros do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique manifestaram-se esta terça-feira, no Circuito de Manutenção Física António Repinga, a escassos do edifício do Gabinete do Primeiro-Ministro, onde decorria mais uma sessão do Conselho de Ministros de Moçambique.
O Presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique (FDGM), Hermínio dos Santos, disse que o objectivo central destas manifestações, é exigir uma pensão mensal condigna para cada desmobilizado de guerra, ex-miliciano, órfãos e viúvas dos desmobilizados e o enquadramento dos milicianos nas fileiras das Forças Armadas de Defesa de Moçambique ou na Polícia da República de Moçambique.
“Os 12 mil meticais em reivindicação é uma espécie de semi-reforma, pois o ideal era que o governo pagasse uma pensão de 25 mil meticais por desmobilizado. Não aceitamos um valor abaixo deste”, acrescentou dos Santos.
A manifestação dos desmobilizados de guerra é legal, aliás segundo documentos a que o @Verdade teve acesso e que foram antes submetido à Presidência da República, o Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique convoca para 25 de Outubro (hoje) uma manifestação pacífica a ter lugar no Repinga, na carta os desmobilizados pedem para que o governo se aproxime deles de maneiras a resolver por definitivo o caso dos desmobilizados de guerra que remonta há 19 anos, sem o reconhecimento do papel daqueles homens que dizem terem lutado pela democracia do país, numa sangrenta guerra que durou 16 anos.
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Ainda de acordo com o documento que temos vindo a citar, na capital do país os desmobilizados de guerra pretendem falar com o presidente da República, Armando Guebuza que esta terça-feira se fez diante da sua máquina governativa em mais uma sessão do Conselho de Ministros.
Esta intenção não passou de uma miragem, o governo não periorizou o caso dos desmobilizados que clamam pelas sua pensões, aliás, enquanto os desmobilizados esperavam por algum pronunciamento do governo, estes pendiam as suas atenções noutros assuntos, facto que valeu ao porta-voz do Governo, Alberto Nkutumula em conferencia de imprensa a afirmar que “nós não sabemos que existem pessoas a manifestar lá fora, por isso não me posso pronunciar relativamente a isso, uma vez que isso não constituiu matéria de debate na sessão desta terça-feira”.
Uma resposta que deixou quase todos os profissionais da comunicação social presentes na sala de conferências, admirados e pasmos, uma vez que os manifestantes estavam num lugar estratégico, aliás numa porta de entrada e saída dos governantes nos dias normais.
Talvez seja por isso mesmo que o governo moçambicano optou por uma outra via para chegar e sair do Gabinete do Primeiro-Ministro, nem a porta principal do edifício foi hoje usada, os governantes usaram a porta traseira a mais preterida por eles. Estas todas manobras foram para distrair e enganar os manifestantes que não chegaram a se aperceber a tempo que o conselho de ministros já tinha se reunido, até se retirado do local.
Como é que se justifica que o governo diga que não teve conhecimento de que os desmobilizados de guerra iam-se realizar uma manifestação pacífica a pouco metros do Gabinete do Primeiro-Ministro, quando em contra partida foi mobilizado um aparato policial para formar um cordão por todos os lados do Repinga para tomar controlo da situação.
Os agentes da lei e ordem chegaram a querer tomar medidas drásticas contra os manifestantes, dispersando-os com recurso ao gás lacrimogéneo e as ditas balas de borracha que até chegam a tirar vida a alguém e no fim da história dizem foi excesso de zelo de alguns agentes ou tratou-se de uma bala perdida. Quando os desmobilizados ouviram estes rumores de que seriam dispersados, juraram que preferiam morrer na confrontação entre as duas partes, por um lado a polícia fortemente armada e os manifestantes indefesos.
“Nós não viemos aqui para fazer derramar sangue de ninguém, isto é uma manifestação pacífica, razão pela qual não temos nenhum instrumento contundente. Mas, se eles nos atacarem procuraremos reagir em legítima defesa”, diz Hermínio dos Santos, palavras que foram também repetidas pelos seus colegas de “trincheira”.
O Presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique disse que foram estipulados os 12 mil meticais de pensão, pois já passa muito tempo que não são ouvidos e passam por grandes descriminações, “19 anos depois, nunca fomos dados nada, não teremos direito à assistência médica e medicamentosa, não temos enquadramento nas FADM nem na PRM. Não podemos admitir que isso continue, nos fomos os combatentes que lutamos pela democracia deste país, no entanto, somos desprezados”, comenta visivelmente agastado pela situação, acrescentando que se o governo não levar este caso a peito, próximo ano a pensão vai subir para 25 mil meticais por cada desmobilizado de guerra, o que seria ideal.
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Para os desmobilizados de guerra dos 16 anos a maior a aberração que o governo e os deputados já cometeram para aqueles que lutaram pela democracia do país, foi terem aprovado recentemente uma lei do Estatuto dos Combatentes discriminatória e não inclusiva, uma lei que beneficia uns em detrimento dos outros, não obstante todos tenham lutado pelo mesmo objectivo, a instauração da democracia em Moçambique.
Segundo uma carta submetida à Presidência da República a 29 de Setembro passado e espalhada pelas embaixadas sedeadas na capital do país, o Fórum dos Desmobilizados de Guerra pretende ver construído um edifício de 15 pisos imediatamente, para albergar todos os combatentes, alocação pelo governo de 30 viaturas de cinco em cinco anos para garantir o transporte de diversas actividades e escoamento de bens, entre outros.
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Por terem visto os seus interesses fracassados e não considerados pelo governo, os desmobilizados de guerra dizem que “não vamos parar por aqui, hoje vamos dormir aqui e amanhã vamos nos amotinar na porta da entrada do edifício do Gabinete do Primeiro-ministro, enquanto não resolveram a nossa situação vamos continuar com as manifestações, isto é apenas um início”, assegura o porta-voz do Fórum, Jossias Matsane.