Uma greve ao sexo decretada pelas mulheres da pequena aldeia de Dado, nas Filipinas, produziu o efeito desejado, confirmou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR): os seus maridos desistiram de partir para se juntar à rebelião separatista que assola a ilha de Mindanao desde os anos ´70.
“As mulheres queriam que os seus maridos abandonassem o combate, e, recorrendo às suas manhas femininas, foram capazes de alcançar o seu objectivo”, referiu a porta-voz para a Ásia do Alto Comissariado para os Refugiados, Kitty McKinsey, que registou em vídeo os resultados da campanha das mulheres de Dado.A aldeia foi formada em 2008 por refugiados em fuga da violência entre as diferentes comunidades rurais da ilha de Mindanao – em três décadas de rebelião, mais de cem mil pessoas abandonaram as suas localidades.
A comunidade de Dado é apoiada pela agência da ONU, que, por exemplo, ajudou a criar uma cooperativa de costura para garantir ocupação e rendimento para as mulheres.
Mas a guerrilha impedia o escoamento da sua produção, levando as mulheres a tomar medidas para garantir que a circulação na única estrada de saída da aldeia não fosse interrompida pelos combates constantes com os habitantes de duas aldeias rivais.
“Nós pedimos aos nossos maridos para não lutar. Quando eles diziam que iam na mesma, nós respondíamos que então deixaríamos de os aceitar em casa”, explicou uma das “grevistas”, Hasna Kandatu.
Segundo o documentário do ACNUR, a iniciativa produziu resultados ao fim de uma semana: a violência parou e a estrada foi reaberta. “A minha mulher disse-me que se separava se eu insistisse em combater”, contou Lengs Kupong, um dos líderes da aldeia.
No vídeo de McKinsey, este ex- -combatente diz que para ele era mais importante “o que estava a perder em casa” do que uma eventual vitória sobre os inimigos das aldeias vizinhas.
Mulheres colombianas e quenianas protagonizaram “greves ao sexo” em protesto contra a violência do narcotráfico e a cisão dos dois partidos do Governo, respectivamente.
E uma política belga sugeriu que as mulheres dos deputados daquele país encetassem um protesto semelhante para pôr fim ao impasse político que impede a formação de um Governo.