As forças sírias bombardearam na segunda-feira bairros residenciais de Latakia, disseram moradores, no terceiro dia de ações militares contra áreas sunitas da cidade portuária, onde há crescentes protestos contra o regime de Bashar al Assad. O presidente, que pertence à seita minoritária alauíta, vem aumentando a repressão a manifestantes desde o início do mês islâmico sagrado do Ramadan, em 1 de agosto, período em que os protestos pela renúncia dele tem se intensificado.
Antes de Latakia, os militares já haviam atacado Hama, cenário de um massacre contra dissidentes em 1982, Deir al Zor, capital de uma província tribal no leste da Síria, e várias localidades na província de Idlib, que faz fronteira com a Turquia. “Os bombardeios foram retomados nos bairros de Al Raml al Filistini e Al Shaab. Há intensos disparos de metralhadora nos bairros de Sulaibeh, Al Ashrafieh, Al Quneines, Al Ouneineh e da cidadela”, disse por telefone um morador, empresário, que não quis se identificar. “As pessoas estão a tentar fugir, mas não conseguem deixar Latakia porque ela está cercada. O máximo que elas podem fazer é se deslocar de uma área para outra dentro da cidade,” disse outra testemunha à Reuters.
A União Coordenadora da Revolução Síria, que congrega ativistas, disse que um rapaz de 22 anos foi morto na segunda-feira pelas forças de Assad, elevando a pelo menos 31 o número de civis mortos em três dias de ataques por mar e terra contra Latakia – cifra que inclui uma menina de dois anos.
Cerca de 20 mil pessoas têm saído diariamente às ruas da cidade depois das preces noturnas do Ramadan para exigir a renúncia de Assad, segundo relato de um universitário. A agência estatal de notícias negou que Latakia tenha sido atacada por mar, e disse que dois policiais e quatro homens armados não identificados foram mortos quando “as forças de preservação da ordem perseguiram homens armados que estavam aterrorizando moradores (…) e usando metralhadoras e explosivos a partir de telhados e detrás de barricadas”.
Ao contrário de outras cidades sírias, que são predominantemente sunitas, Latakia tem uma grande população alauíta. O porto local é importante para o domínio econômico do país pela família Assad, que governa a Síria há quatro décadas. Ativistas de direitos humanos dizem que as forças de Assad também atacaram aldeias na planície de Houla, ao norte de Homs, na segunda-feira, invadindo casas e realizando prisões. Os ativistas dizem que 12 mil pessoas já foram detidas desde o início dos protestos.
Também na segunda-feira, segundo a agência oficial de notícias, Assad substituiu o governador da província de Aleppo, cuja capital é o principal entreposto comercial da Síria, e onde também começaram a ocorrer protestos.