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O ponto G

O Google lançou uma nova rede social que está a ter um crescimento explosivo. Mas isto não signifi ca que seja uma ameaça directa ao líder Facebook. Ainda assim, o Google Plus pode mesmo ter tocado num ponto que não estava a ser explorado.

Há muito tempo que o Google andava à procura disto. Pela primeira vez, e após três tentativas falhadas, a multinacional americana parece ter dado um passo firme no campo das redes sociais. A 28 de Junho lançou o Google+ (também chamado Google Plus ou simplesmente G+).

O site permite comunicar com grupos de amigos e conhecidos, partilhar fotografi as, links e pensamentos, comentar o que os outros publicam e ter um perfil com dados pessoais. Em muitos aspectos, é semelhante ao Facebook.

Com 750 milhões de utilizadores de praticamente todas as idades, não é fácil estabelecer um perfil do utilizador do Facebook.

Mas quem frequenta o site sabe com o que pode contar: fotos de amigos na praia, fotos de amigos na esplanada, fotos de amigos a jantar, fotos de amigos na discoteca, fotos dos gatos dos amigos, partilha de música e de vídeos do YouTube, pensamentos e desabafos, frequentemente de índole pessoal, pontuados por smiles, coraçõezinhos e LOLs.

O Google+, porém, parece povoado por uma tribo diferente: o tipo de pessoas que é rápida a adoptar a tecnologia, que usa os novos media, que procura uma audiência e a autopromoção; o tipo de pessoa que também povoa o Twitter.

“Frequentemente, uma rede social assume rapidamente um carácter particular – uma cultura, como gostamos hoje de dizer – baseada nas pessoas que povoam os núcleos iniciais e na forma como estas usam o serviço”, analisa no seu blogue Nicholas Carr, autor de vários livros sobre a Internet (entre os quais está o Google a tornar-nos estúpidos?).

“O Facebook esteve sempre inclinado para a conversação”, prossegue Carr. “O Twitter começou com uma tendência para a conversação, mas rapidamente mudou para a publicação (…).

O Google+ inclina-se muito para o lado da publicação. Os primeiros membros parecem ser dominados pelo que poderíamos chamar o eixo dos novos media” – são os bloggers, os jornalistas, os profi ssionais e os entusiastas das tecnologias de informação.

No Google+, não há muita gente a comentar inícios e fins de namoros. A sensação é mais a de um regresso aos tempos da blogosfera, mas aqui temperada com a partilha rápida a que o Twitter e outros serviços mais recentes nos habituaram. O site permite formatação de texto (como negritos e itálicos), uma ferramenta bem-vinda para quem quer escrever posts.

E é muito mais fácil escrever no Google+ do que lançar um blogue: a audiência já lá está, pronta a receber e a partilhar o conteúdo. Alguns dos “partilhadores” frenéticos do Twitter também aderiram – e agora com a vantagem de não estarem limitados a 140 caracteres.

“O apelo do Google+ para a multidão dos novos media tem sido o segredo do sucesso inicial”, considera Nicholas Carr. Mas avisa: “O problema para o Google, presumindo que quer tornar o G+ numa rede social de massas em vez de numa de nicho, é que esta cultura é simultaneamente forte e estreita. Atrai um determinado tipo de utilizadores, mas afasta praticamente todos os outros”

Descubra as diferenças

Na rede social da Google, algumas funcionalidades foram inegavelmente copiadas do Facebook. O Google+ inclui até um botão como o “Gosto” do Facebook. Neste caso, é o botão “+1”.

Quem for utilizador do Facebook vai sentir-se imediatamente familiarizado com boa parte do Google+. No topo do site, há uma caixa onde é possível partilhar um texto, link, fotografi a ou vídeo. Em baixo, correm os conteúdos publicados pelas pessoas que escolhemos seguir.

Podemos colocar uma fotografia de perfil no canto superior esquerdo. Do lado direito, há sugestões de pessoas para adicionarmos aos contactos. Mas há diferenças que tornam a utilização deste Google+ radicalmente diferente da do Facebook. Uma delas é a ausência de reciprocidade.

No Facebook, para poder aceder ao que uma pessoa publica, é preciso que esta nos aceite como “amigo”. No Google+ (tal como também acontece no Twitter) as relações são assimétricas: é possível seguir o que uma pessoa publica sem que esta nos siga a nós.

Na verdade, quem quiser pode seguir no Google+ os fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, ou mesmo o criador do Facebook, Mark Zuckerberg – mas nada obriga a que qualquer um deles esteja interessado no que um cibernauta anónimo em Moçambique tem para dizer ou mostrar.

Outra das funcionalidades muito apregoadas no Google+ é a que diz respeito aos círculos, concebidos para agrupar os contactos. Por exemplo, pode ter um círculo para os colegas de trabalho, outro para a família, outro para amigos do tempo da faculdade – e um contacto pode estar em mais do que um círculo.

Cada conteúdo publicado pode ser público ou partilhado com um ou mais destes círculos. Isto dá ao utilizador um grande controlo sobre quem vê o quê.

O Facebook, aliás, permite fazer praticamente o mesmo, graças às listas de “amigos”. A diferença é que criar estas listas é um processo relativamente complexo, que implica mergulhar nas defi nições da conta.

O Google fez questão de tornar os círculos o mais simples possível e de pôr a ferramenta bem à vista do utilizador – e parece estar a colher os frutos disso.

Crescimento rápido

Com o poder do Google a empurrá-lo, o Google+ está a ter um crescimento explosivo. Pouco menos de um mês após o lançamento, tinha atingido os 25 milhões de utilizadores, segundo uma estimativa da firma de análise Comscore.

O Facebook demorou três anos a atingir este patamar, embora a rede de Zuckerberg tenha tido uma estratégia de crescimento muito controlado: inicialmente era destinada apenas a estudantes universitários americanos e foi-se sucessivamente alargando até aos 750 milhões de utilizadores que tem hoje.

Já o Twitter precisou de 33 meses para chegar a este número. Noutros tempos, o agora moribundo MySpace chegou aos 25 milhões em 22 meses.

Ainda segundo a Comscore, os EUA são o país com mais utilizadores: 6,4 milhões de pessoas. Seguem-se a Índia (3,6 milhões), o Canadá e o Reino Unido (ambos a rondar o milhão) e a Alemanha (pouco mais de 900 mil). Os números mostram também que há dois homens para cada mulher e que a maior fatia dos utilizadores (60 porcento) tem entre 18 e 34 anos.

De acordo com a Comscore, o Google+ está a ter um crescimento de um milhão de utilizadores por dia. E isto não contabiliza aqueles que eventualmente estejam a usar o serviço indirectamente, através da barra que surge no topo de outros serviços do Google (como o Gmail e o motor de busca) e que integra agora um botão de partilha.

É claro que o lançamento de uma rede social com a marca Google enche páginas na imprensa e consegue atrair uma multidão de curiosos – mas isto não quer dizer que, depois de criarem a conta e terem experimentado, todos continuem a usá-la.

“Não o vejo a tirar uma fatia significativa ao Facebook nos próximos 18 meses”, afirmou recentemente, num painel de discussão dedicado ao tema, Steve Rubel, um dos vice-presidentes da multinacional de comunicação Edelman e reputado blogger.

Mas acrescentou de seguida que “o que temos visto ao longo dos anos é que não houve nenhuma rede social ou comunidade que tivesse uma resistência signifi cativa”.

Depois da ascensão do Facebook e da queda abrupta do MySpace, o aparecimento do Google+ trouxe de novo o debate em torno da guerra das redes sociais. Contudo, pelo menos por ora, a rede do Google parece ser um mundo completamente diferente do rival.

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