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‘@Verdade convidade: Cannabis, doce cannabis!

Este continua a ser um dilema. Em todo o mundo. É um problema que pode muito bem ser resolvido com pragmatismo. Estamos perante um daqueles casos em que quanto mais obstáculos você ergue contra algo que está a avançar, essa coisa, no lugar de fugir ou contornar a barreira, cria meios sofisticados para ir contra essa parede e derruba-a. E o que estamos a notar no nosso pais é que o consumo da Cannabis sativa, vulgo soruma, quanto mais as autoridades tentam impedi-la, ela é – por aquilo que tudo indica – cada vez mais consumida com maior intensidade, dando continuidade a um hábito e cultura milenares.

O rapper moçambicano, Azagaia, foi detido no último fim-de-semana por ter sido encontrado, supostamente, com quatro gramas de erva, e a Polícia não demorou a badalar o caso, chegando, alguns círculos, a referirem que o músico foi detido por tráfico e consumo de droga.

A notícia mexeu com os media e a sociedade, parecendo, para os hipócritas, que estavam perante um aluimento do globo terrestre.

Se é verdade que Azagaia foi apanhado com soruma no bolso, naquelas quantidades (quatro gramas), ou a consumir, é um crime, não resta a menor dúvida, porque em Moçambique é proibido o porte e consumo de estupefacientes. Mas esta detenção de Azagaia lembra-me os tempos de Samora Machel, em que alguns artistas foram presos e enviados para campos de reeducação, sem se saber ao certo se era por causa do consumo de cannabis, ou porque a sua maneira de estar na música era incómoda para o regime.

A detenção de Azagaia coloca-nos algumas interrogações: como é que a Polícia soube que o rapper estaria por aquelas zonas do bairro da Maxaquene? Porque alguma informação veio a terreiro dizer que Azagaia era um traficante e consumidor de droga? Por aquilo que se sabe, tráfico é algo que inclui, para além de outros, transporte e venda. E, pelos relatos divulgados, o jovem trazia quatro gramas de erva para consumo, o que não deixa de ser condenado pela Lei vigente no nosso país.

Mas é aqui onde é chamado o pragmatismo: a cannabis é uma droga leve, estimulante, que, mesmo assim, pode causar danos no organismo humano, como todas as drogas, incluindo o álcool. Mas é uma droga leve, que até podia ser legalizada pelo Estado moçambicano, permitindo que as pessoas a consumam em pequenas quantidades sem precisarem de fugir da Polícia.

A detenção temporária de Azagaia faz-me lembrar ainda um espectáculo de regaae realizado no ano passado em Tete, numa das casas de pasto, onde a Polícia tolerou o consumo de soruma pelos artistas e por muitos assistentes que acorreram ao local, enquanto decorria o espectáculo. Cheirava a cannabis em todoo pavilhão até amanhecer e, no dia seguinte, a notícia correu a cidade inteira com toda a naturalidade.

E esta agora! Talvez levar este tema ao debate na Televisão, como se levou a questão do aborto.

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