A Líbia está pronta para continuar a negociar com os Estados Unidos e os rebeldes que querem derrubar Muammar Khaddafi, mas o líder líbio não vai se dobrar aos pedidos de renúncia, disse um porta-voz do governo este sábado.
Moussa Ibrahim afirmou que autoridades líbias tiveram um “diálogo produtivo” com colegas norte-americanos na semana passada, em um raro encontro que ocorreu depois de os Estados Unidos terem reconhecido o governo rebelde que pretende encerrar os 41 anos de Khaddafi no poder. “Outras reuniões no futuro… ajudarão a resolver os problemas líbios”, afirmou o porta-voz a repórteres em Trípoli no final da sexta-feira. “Também queremos dialogar mais com os norte-americanos.” Ele afirmou que Gaddafi não deixará o poder, nem sairá do país.
Horas depois, aviões da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) bombardearam alvos na capital, resultando em danos e feridos, afirmou a emissora de televisão estatal líbia, sem dar detalhes. A NATO disse ter atingido um “centro de comando e controle”. Uma testemunha da Reuters ouviu pelo menos seis explosões no começo deste sábado, as maiores na cidade em várias semanas. Quatro delas sacudiram o hotel onde está hospedada a imprensa internacional.
O líder rebelde Mustafa Abdel Jalil afirmou que Khaddafi deve concordar publicamente em renunciar antes do início das negociações. “Não há negociações com esse regime a não ser que ele declare a sua saída e que está a renunciar, ele e os seus filhos, do poder”, afirmou Abdel Jalil em um pronunciamento semanal numa emissora controlada pelos rebeldes.
Enquanto Khaddafi tenta se manter no poder, apesar dos cinco meses de guerra civil e dos bombardeios da NATO, que foram autorizados por uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas), o Ocidente espera por uma solução negociada. Mas os EUA também querem a saída de Khaddafi. Ibrahim afirmou que as autoridades líbias, mas não o próprio Khaddafi, realizariam mais encontros com os rebeldes, que controlam cerca de metade da Líbia, apenas se for sob as condições que o governo impor. “Nações não negociam com gangues armadas”, afirmou.
Khaddafi pediu aos líbios que convençam os rebeldes a deixar as armas e reintegrarem-se aos “leais”, ou combatê-los caso eles não mudem de lado. Os comentários foram feitos no momento em a Líbia informou sobre um bombardeio da NATO perto do centro petrolífero de Brega, que foi palco de conflitos recentes. Segundo o governo, seis guardas morreram em uma estação de tratamento de água. A NATO disse que o ataque atingiu um “depósito militar”, em vez de a estação de água.