Moçambique deverá tornar-se no segundo parceiro económico da China em África nos próximos cinco ou dez anos com o desenvolvimento da cooperação em sectores como a energia.
De acordo com o secretário-geral adjunto do Fórum Macau, Manuel Amante da Rosa, “o volume de negócios com Angola e o potencial que existe em Moçambique em termos da sua relação futura próxima com a China fazem com que esses dois países sejam as locomotivas da relação China-Países Africanos de Língua Portuguesa”.
Para o também embaixador de carreira cabo-verdiano, Moçambique poderá “facilmente” tornar-se no segundo grande parceiro da China em África, depois de Angola, dentro de “cinco ou dez anos, dependendo da forma como a exportação de carvão e gás se vier a fazer”.
“Moçambique começa a exportar, para a China, carvão, exportará gás, tem grandes potencialidades eólicas, agropecuárias e de ter petróleo e já estão em fase de implementação projectos de barragens, o que permitirá ao país um desafogo enorme em termos de receitas cambiais e ter uma posição preponderante em tudo o que seja estratégico na área da produção energética”, apontou.
Canal de Moçambique
Amante da Rosa referiu também o facto de o “canal de Moçambique ser estratégico para as relações da China com África” e de a “Pérola do Índico” “vir a ter a maior capacidade hidroenergética da África Austral” como outros motores do incremento da cooperação bilateral.
As relações entre a China e Moçambique “remontam ao período antes da independência do país africano, diversificaram-se durante o período da luta armada e consolidaram-se após a independência, mas a guerra civil (1976/ 1992) não permitiu o seu desenvolvimento e mesmo depois demorou um certo tempo a reagirem”, recordou o responsável.
Mas para o diplomata, “dentro de dois ou três anos a cooperação atingirá níveis muito substanciais, assim que (Moçambique) começar a exportar (para a China) carvão em grande escala e quando se começarem a fazer as obras de infraestruturação”.
Por outro lado, acrescentou, “Moçambique tem uma costa de mais de 3000 quilómetros e precisa de vias de comunicação e quando se começar isso penso que haverá um campo muito mais vasto e aberto de cooperação”.
Amante da Rosa considera que o investimento da China em África “continuará a ser maciço e estará voltado para o sector extractivo, dos hidrocarbonetos”, mas observa que se “começam a delinear, principalmente na África Austral, alguns projectos na área agropecuária, nomeadamente em Moçambique, que tem potencialidades enormíssimas nesse sector”.
“É normal que a China venha a diversificar os investimentos que tem feito até agora para o sector agropecuário, mas com ‘backup’ no sector hidroenergético”, constatou.
Ao sublinhar que a China “tem a necessidade absoluta de importar matériasprimas”, Manuel Amante da Rosa salienta que o local mais viável para responder a essa procura é “África e depois o continente sul-americano”, sendo que aqui o Brasil continuará a ser o “maior parceiro” do gigante asiático.