O mau desempenho escolar em Moçambique pode dever-se, em grande medida, ao facto de muitas crianças moçambicanas não terem tido acesso a uma educação pré-escolar. Segundo estatísticas citadas, segunda-feira, em Maputo, pelo Ministro da Educação, Zeferino Martins, em Moçambique apenas quatro por cento das crianças até aos cinco anos de idade tem acesso à educação pré-escolar.
“No país, só quatro por cento das crianças tem acesso à educação pré-escolar. Muitas das zonas rurais, mesmo nas urbanas não tem acesso à educação escolar. Todos sabemos o quão importante é as crianças passarem por uma educação pré-escolar antes de acederem ao ensino primário, uma vez que é nessas instituições de ensino pré-escolar que as crianças adquirem os pressupostos necessários para uma aprendizagem”, defendeu.
O Ministro fez estas declarações após receber, no seu gabinete de trabalho, 40 crianças de dois centros infantis que funcionam na capital do país, no âmbito da semana de comemoração do dia internacional da criança, que se assinala no próximo dia 1 de Junho.
Na ocasião, Zeferino frisou que aqueles petizes são parte da minoria de criancas moçambicanas que tem acesso à educação pré-escolar. Neste momento, a educação préescolar é ministrada apenas nos centros infantis, concretamente no último ano, uma vez que ainda não foi padronizado no Sistema Nacional de Educação.
Entretanto, o acesso aos centros infantis esta condicionado às condições sociais e financeiras das famílias das crianças. Nas cidades existem vários centros infantis, cujos custos de acesso são considerados elevados, enquanto isso, nas zonas rurais, tais instituições quase não existem.
“Todos os pressupostos de préescritas, leitura, conhecer o lápis, a régua, o contacto com o papel, entre outros, são condições que ajudam a criança a enfrentar com muito sucesso o ensino. Por isso, podemos afirmar que muitos dos resultados do mau desempenho escolar resultam em parte também porque as crianças não tiveram uma fase pré-escolar”, salientou.
Vários estudos realizados no país mostram que muitas crianças terminam o nível primeiro sem saber ler e escrever devidamente, devido à deficiência no processo de aprendizagem. O Ministério da Educação (MINED) esta a estudar a possibilidade de reintroduzir o ensino pré-primário integrado no Sistema Nacional de Ensino.
Nesse contexto, o MINED deverá fazer um mapeamento sobre as diferentes soluções disponíveis para este nível de ensino. Neste momento, a primeira classe foi concebida tendo em conta a necessidade de ambientar as crianças que não tiveram acesso ao ensino pré-escolar.
Entretanto, Zeferino Martins reconhece que a primeira classe não é suficiente para responder aos desafios de integração das crianças que têm contacto com o mundo escolar pela primeira vez. O Ministro reconhece que, por outro lado, há um desfasamento entre aquilo que as crianças aprendem nos centros infantis e o que se lecciona na primeira classe.