Após várias décadas de pedidos e reivindicações, as cabeças mumificadas de 16 guerreiros do povo Maori serão finalmente devolvidas à Nova Zelândia. As cabeças encontravam-se num museu no Noroeste de França, numa exposição considerada um insulto para aquele povo neozelandês.
As cabeças mumificadas, nas quais ainda era possível ver as tradicionais tatuagens – ou moko -, são relíquias dignas de reverência pelos Maori, que agora poderão finalmente dar um enterro digno aos seus antepassados, depois de serem feitos testes de ADN a fim de determinar a origem dos restos mortais.
A Nova Zelândia começou a exigir o regresso das cabeças mumificadas ainda na década de 1980, mas as leis francesas não eram permissivas à saída de artefactos culturais do país. Em 2006, as autoridades civis de Rouen (Noroeste) decidiram devolver os artefactos, mas esta decisão foi contrariada pelo governo francês, que temeu nessa altura que a decisão abrisse um precedente perigoso sobre outros artefactos, como múmias egípcias e relíquias de mártires cristãos, relata o “The Telegraph”.
A Nova Zelândia só começou a ver a luz ao fundo do túnel quando o Senado francês aprovou uma lei que considerava os artefactos Maori uma excepção. Os guerreiros Maori cobrem os rostos de tatuagens e esse sinal distintivo tornou-os muito apetecíveis enquanto prisioneiros de guerra e troféus de batalha. Os primeiros relatos de cabeças de Maori serem levadas para a Europa como troféus remonta ao século XVIII e esta tradição estendeu-se pelo século XIX. A vontade de conseguir estes troféus era tão grande que muitos exploradores tatuavam guerreiros nativos antes de os matarem.
Cerca de 320 cabeças de Maori foram já entregues às autoridades da Nova Zelândia oriundas de diversos países. À chegada a Wellington, as cabeças serão encaminhadas para um local de reunião Maori, o marae. Nessa altura – e depois das perícias técnicas – os antepassados serão devidamente honrados e postos em descanso./