Forças do governo apoiadas por franco-atiradores posicionados em telhados reforçaram na segunda-feira o controle sobre a terceira maior cidade da Síria, disseram grupos de direitos humanos, depois de o presidente Bashar al-Assad mobilizar tanques para tentar coibir protestos. Um ativista na localidade de Homs disse que os franco-atiradores instalaram-se em vários bairros residenciais, mas que o som de disparos havia diminuído em áreas da cidade que haviam sido invadidas por tanques no domingo.
“Há franco-atiradores visíveis nos telhados de prédios públicos e privados nos bairros de Al Adawiya, Bab Sebaa e Al Mreijah. Centenas (de moradores) fugiram de três aldeias logo a sudoeste de Homs onde os tanques haviam sido mobilizados”, relatou o ativista.
Homs é a terra natal de Asma, esposa de Assad que estudou no Ocidente. A cidade fica no meio de uma região agrícola na rodovia que liga Damasco a Aleppo, segunda maior cidade síria. Uma das duas refinarias petrolíferas do país fica em Homs. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos disse que três civis foram mortos no domingo em Homs, cidade mercantil com 1 milhão de habitantes, 165 quilômetros ao norte da capital. Os ativistas disseram também que as autoridades ampliaram as restrições aos serviços telefônicos e de Internet. A imprensa estrangeira está proibida de atuar no país.
Também na segunda-feira, as forças de segurança dispersaram uma pequena manifestação por democracia no centro de Damasco, prendendo o escritor oposicionista Ammar Mashour Dayoub e vários estudantes, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. No bairro de Barzeh, em Damasco, 20 pessoas foram detidas em outro protesto, segundo um morador.
No sul, tanques ocuparam as localidades de Inkhil, Dael e Nawa, ampliando a presença militar em uma região estratégica que faz fronteira com a Jordânia e com a região das colinas do Golã, ocupadas por Israel. Um homem foi morto no domingo quando as forças de segurança invadiram sua casa, na localidade de Tafas, segundo um militante dos direitos humanos.
A turbulência na Síria começou em 18 de março, quando manifestantes, inspirados pelos levantes ocorridos em vários pontos do mundo árabe, promoveram uma marcha na cidade de Deraa, no sul do país. Inicialmente, Assad acenou com vagas promessas de reforma, e no mês passado ele revogou o estado de emergência que vigorava no país havia 48 anos. Mas, quando os protestos persistiram, ele enviou o Exército para sufocar a dissidência pública, primeiro para Deraa e depois para outras cidades, deixando claro que não arriscaria perder o firme controle que sua família exerce sobre a Síria há 41 anos.
O Observatório Sírio diz que 634 civis e 120 soldados e agentes de segurança foram mortos desde que os protestos começaram. Outro grupo sírio de defesa dos direitos humanos, o Sawasiah, avalia em mais de 800 o número de civis mortos.