A água e a electricidade estão cortadas desde quarta-feira à noite na parte norte da Costa do Marfim sob controlo das forças favoráveis ao presidente reconhecido pela comunidade internacional Alassane Ouattara.
Estes cortes foram constatados por um correspondente da France Presse em Bouaké (no centro do país), a segunda maior cidade e reduto das Forças Novas (FN), os ex-rebeldes que controlavam o norte da Costa do Marfim depois do golpe fracassado de 2002.
Habitantes contactados por telefone em Man (no oeste), Korhogo (norte), Ferkessedougou (norte) e Danané (oeste), perto das fronteiras com a Libéria e a Guiné, confirmaram os cortes. “Não pudemos estudar, dormimos mal e somos obrigados a ir buscar água muito longe, o que nos esgota” disse Nini Kouadio, estudante em Bouaké. “As crianças estão doentes porque não conseguem dormir bem e há também carências a nível de higiene”, disse uma outra habitante de Bouaké, Rokia Cissé.
No início de Março, o norte da Costa do Marfim já tinha sido afectado durante cinco dias com cortes de água e electricidade. Num comunicado publicado sábado, a Companhia de Electricidade da Costa do Marfim (CIE – privada) declinou novamente toda a responsabilidade e “lamentou” os cortes “consecutivos a pedido” do governo do presidente cessante Laurent Gbagbo.
Envolvido num braço de ferro com Ouattara, o governo de Gbagbo invocou “razões de segurança nacional”. Estes novos cortes ocorrem num momento em que a escalada de violência pós-eleitoral ameaça mergulhar o país numa guerra civil.
A situação humanitária tornou-se muito preocupante, tendo a ONU registado cerca de um milhão de deslocados.