A China é, de há uns anos a esta parte, o primeiro caso em toda a história da humanidade, uma verdadeira tábua de salvação de vários países e, por mais incrível que pareça, daqueles que até há bem pouco tempo eram os seus piores detractores ou mesmo inimigos.
Aliás, são os mesmos países que, num passado recente, a tratavam com desdém e desprezo total, rotulando-a de Reino do Mal, de China Comunista ou Vermelha e outros epítetos pouco abonatórios.
O apoio da China aos seus antigos detractores, que durante mais de 50 anos tudo fizeram para afundar este país asiático de mais de 1,3 biliões de habitantes, tal como aconteceu com vários outros, incluindo a extinta-URSS outros que também seguiam o comunismo e o socialismo como sua filosofia político-económica, só prova que Beijing guia-se com os sábios ensinamentos do seu Grande Mestre, Confúcio, que viveu entre os anos 551-479 AC, e que sempre defendeu a necessidade de se evitar as vinganças a todo o custo, porque só eternizam os ódios.
Ao invés de se vingar, Beijing, agora que é todo poderoso e detentor de uma reserva de dólares americanos superior a dos próprios EUA, opta por acudir financeiramente muitos países que ontem a tratavam com o referido desdém e repugnância, quando ainda estavam financeira e economicamente estáveis.
Para muitos custa acreditar que seja esta mesma China, que concede apoios aos seus antigos delatores, que incluem quase todos os países ocidentais encabeçados pelos EUA e a Grã-Bretanha, este último cujo primeiro-ministro, o jovem David Cameron, encontra-se agora aqui na China de visita a busca salvação.
Até Domingo da semana corrente, 14 de Novembro, a China já havia garantido apoios financeiros na ordem de um bilião de libras esterlinas, isto segundo a “BBC”. Este montante surge de um país, que ontem a Grã-bretanha rogava pragas.
Não existem duvidas que Cameron deve estar agora a sentir-se assombrado pelas palavras dos seus antecessores nesta sua visita à China.
Avizinha-se a era em que Cameron e todo o Ocidente terão de se ajoelhar perante à China, porque as projecções dos peritos da Wall Street e não só, sustentam que este país asiático deverá destronar os EUA em 2012 do título de super potência mundial, uma posição detém há mais de 50 anos.
Para que isso aconteça faltam apenas pouco mais de 13 meses!!! Eles sustentam que se não ocorrer um “tsunami” na economia chinesa, o século XXI será seguramente da China, a semelhança daquilo que o século XX foi para os EUA.
Aliás, a profecia de que a China será a maior potencia mundial neste século, já vem sendo anunciada por peritos insuspeitos, incluindo os próprios americanos, como o académico e político Henry Kissinger que foi um dos ministros dos estrangeiros mais iluminados dos EUA nos últimos decénios.
Esta profecia é melhor explicada e sustentada num célebre livro, intitulado “O Século Chinês”, de autoria do jornalista italiano Federico Rampini, que viveu na China durante 25 anos, e que recomendo a todos que queiram compreender a metamorfose da China de noite para dia, da pobreza abismal para a abundância e elevar o seu país para a posição de virtual super potência mundial.
A China é uma grande lição para os povos que ainda se debatem com a fome e pobreza, como o povo moçambicano, que quando ouve os apelos dos seus líderes, como o Presidente Armando Guebuza, para um maior empenho na luta contra estes males, algumas pessoas escutam com um acentuado cepticismo ou mesmo descrédito total.
Graças a sua entrega abnegada ao estudo sério e trabalho árduo, a China tornou-se desde 2008 no país que comprou a maior dívida pública do Governo norteamericano.
Actualmente, a China e’ a segunda maior economia mundial, e como já foi referido com enormes possibilidades de se catapultar para o primeiro lugar.
Há também indicações de que a China detém uma reserva em dólares superior a dois triliões de dólares, enquanto que os EUA têm um deficit acumulado de igual montante no corrente ano.
Tudo isto leva vários peritos a afirmar, com muita segurança, que a China vai destronar os EUA do título de super potência em 2012, por que a sua economia continua a registar um crescimento acelerado anual de nove por cento, contra 1,5 por cento dos EUA.
Segundo a “BBC”, os EUA enfrentam muitas dificuldades para manter alguma liquidez, uma situação que forçou a Reserva Federal dos EUA, Banco Central, a colocar no mercado mundial mais 600 biliões de dólares. Esta decisão levou alguns analistas a rotular esta operação de ‘’tsunami monetária’’.
Outro dado é que os EUA são o maior importador de produtos chineses, tendo em 2008 registado um défice comercial favorável a Beijing de 266,3 biliões de dólares.
Durante a Cimeira do G20, que teve lugar semana passada em Sul, capital sul coreana, a China deixou claro que está pronta e capaz de lançar a sua tábua ou bóia de salvação para resgatar as economias dos outros países membros em apuros, incluindo os EUA, Grã-bretanha e Itália.
Repentinamente, e sem ter abandonado a sua filosofia comunista, a China já é namorada por aqueles que a vilipendiavam e diabolizavam.
Mas hoje, já se ajoelham perante Beijing pedindo encarecidamente que os acuda da chama financeira que os aflige, e que foi lhes ateada pela selvática globalização económica que, a partir dos finais dos anos 80, teimaram em aplicar não obstante as advertências feitas por peritos em questões financeiras, de que a liberalização total e desfasamento completo da economia mundial iriam arruinar os países que fossem adoptar cegamente essas práticas.
Uma das advertências está contida num célebre livro escrito por dois prestigiados jornalistas alemães, intitulado “The Global Trap”, (Armadilha Global, tradução em português), cujos autores, no meu parecer, deveriam ganhar retroactivamente o Prémio Nobel de literatura ou mesmo de economia.
Nos anos da vilipendiarização da China, quando os líderes ocidentais visitavam este país era para pregarem aos seus dirigentes lições de democracia e direitos humanos.
Agora, eles deslocamse a China para pedir que esta mesma nação resgate os seus países do abismo em que se encontram mergulhados.
Beijing deseja provar ao mundo que é pela ascensão pacífica, razão pela qual a China tem estado a apoiar financeira e materialmente os países ocidentais, incluindo os EUA.
Consta mesmo que Beijing teve de comprar a dívida mal-parada de Washington, para que os cartões de crédito dos norte-americanos continuassem válidos. Isto mostra que a China guia-se com os ensinamentos do seu grande Mestre Confúcio.
Este filósofo chinês sempre pregou que apenas aquele que domina a sua ira, consegue dominar o seu pior inimigo, ao mesmo tempo vincava que deve-se manter sempre a cabeça fria, um coração sereno e uma mão larga para acudir todos os que querem o nosso apoio, porque segundo Confúcio, só pode ser sempre feliz aquele que procura ser feliz com todos.