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“Bypass” da MOZAL arranca em Novembro

Apesar de inúmeras contestações das organizações defensoras do ambiente em Moçambique, está confirmado que a partir do próximo dia 1 (um) de Novembro, a Mozal, a fábrica de fundição de Alumínio, localizada a cerca de 20 quilómetros a Oeste da cidade de Maputo, vai emitir directamente gases para o ambiente, vulgo “bypass”, durante pouco mais de quatro meses.

Com efeito, a emissão directa será feita via filtros dos Centros de Tratamento de Fumos durante 137 dias.

Dados apurados pela AIM indicam que a Mozal emite anualmente para a atmosfera 77 toneladas de partículas e, com o “bypass”, as emissões da fábrica vão aumentar para 144 toneladas, se tomar-se em conta que, neste caso, o ano vai contar a partir de 1 (um) de Novembro de 2010 a 31 de Outubro de 2011.

Assim, a concentração de partículas na atmosfera não será superior a 50 microgramas por metro cúbico, estando dentro dos limites estabelecidos pelo Governo que é de 200 microgramas por metro cúbico.

No que refere ao fluoreto de hidrogénio, num ano normal, as emissões da fábrica totalizam 240 toneladas das quais só três toneladas vêm dos Centros de Tratamento de Fumos. Com o “Bypass”, as emissões do fluoreto de hidrogénio pelos Centros de Tratamento de Fumos vão triplicar para nove toneladas.

Assim, as emissões de toda a fábrica vão aumentar para 246 toneladas no ano do “bypass”, quando o limite é de 500 toneladas/ano. Estes são algumas substâncias mais relevantes que serão emitidas pela Mozal, durante “bypass”.

Entretanto, as organizações ambientalistas contestam os dados da Mozal e referem que durante o “bypass” a poluição será muito maior e alertam contra o perigo das mesmas na saúde humana.

Os gestores da Mozal insistem que as emissões directas terão impacto cumulativo insignificante sobre a saúde humana e para o ambiente, tendo em conta os resultados dos estudos realizados por especialistas.

Entretanto, a Mozal não divulga publicamente os referidos estudos. Aliás, foi prometido a imprensa que seria facultado o Estudo de Impacto Ambiental para consulta e esclarecimento de dúvidas o que não aconteceu, pelo menos até ao fecho deste texto.

Num encontro com jornalistas e outros interessados, realizado, quarta-feira, nos escritórios da fábrica, os gestores da Mozal em Moçambique apelaram a compreensão de todos os moçambicanos para a necessidade de encerramento dos filtros dos Centros de Tratamento de Fumos, onde se faz a eliminação ou limpeza das emissões, afim de se fazer o melhoramento e reparação dos mesmos.

De acordo com o Presidente da Mozal, Mike Fraser, ao longo do ano passado descobriu-se que a estrutura metal das instalações dos Centros de Tratamento de Fumos estava a ser corroída a uma velocidade maior que o previsto inicialmente e que para evitar o colapso seria necessário reconstruir os mesmos com urgência.

“Nós cumprimos todos os passos das exigências legais neste processo e vamos executar as reparações de acordo com as melhores práticas internacionais” frisou Fraser. Ele disse ainda que o objectivo é garantir operações seguras e sustentáveis da fábrica em termos de emissões no futuro.

“Fizemos reparações correntes, mas há agora o risco de um colapso estrutural e é necessário reconstruí-los com a máxima urgência. Os Centros de Tratamento de Fumos são normalmente fechados uma vez por semana para serviços de manutenção, mas no âmbito dessa reparação, os mesmos devem ser fechados completamente durante um período que vai até 137 dias, durante o qual as emissões fabris de carbono serão libertadas para a atmosfera” explicou, sublinhando que “todo o outro equipamento de limpeza de gazes da fábrica continuará a operar normalmente”.

Os gestores da Mozal garantem que será executada uma monitoria constante das emissões antes, durante e após o projecto. Segundo o director da divisão de fundição, Samuel Samo Gudo, existem sete pontos de monitoria da qualidade do ar, dos quais dois são contínuos e os restantes passivos, que vão permitir fazer qualquer correcção em caso de necessidade.

A monitoria está a ser feita pela ‘SGS Moçambique Lda’, uma empresa internacional, com sede na Suíça e reconhecida mundialmente como líder na inspecção, verificação, testagem e certificação.

A Ministra da Coordenação da Acção Ambiental, Alcinda Abreu disse hoje no parlamento que, a 20 de Novembro de 2009, a Mozal informou ao seu ministério sobre o estado avançado de degradação das estruturas num dos Centros de Tratamento de Fumos devido à corrosão, tendo solicitado autorização para emissões extraordinárias durante a manutenção dos centros.

O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental estudou a situação e criou uma equipa multisectorial e recomendou a Mozal a elaboração dum programa de gestão ambiental e de um estudo de dispersão dos poluentes.

A 26 de Maio de 2010, o MICOA concedeu a autorização para a emissão extraordinária, depois de concluir que não haveria problemas para a saúde humana e nem para o meio ambiente.

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