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Parceria público-privada pode acelerar revolução verde

Parceiros públicos e privados encontram-se reunidos, desde segunda-feira, em Maputo, para discutir os problemas que afectam a cadeia de produção e distribuição de sementes melhoradas, com vista a acelerar a implementação da Revolução Verde em Moçambique.

O encontro de dois dias conta com a participação de representantes do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), do sector privado do país, da Aliança para a Revolução Verde em África (AGRA) e de outros parceiros envolvidos na cadeia de produção e distribuição de sementes.

A AGRA é uma iniciativa criada em 2007 com o objectivo de impulsionar a produtividade agrícola em África para combater a fome e a malnutrição, financiada pela Fundação “Bill e Melinda Gates” e da Fundação “Rockefeller”.

Esta reunião realiza-se numa altura em que o governo acaba de lançar a campanha agrícola 2010/11, bem como a procura de soluções para os enormes desafios que o país enfrenta para reduzir o elevado custo de vida que, em parte, se deve a subida dos preços de alimentos.

Falando na sessão de abertura, o director geral do IIAM, Calisto Bias, sublinhou que a redução do custo de vida passa necessariamente pelo aumento da produtividade.

Contudo, disse Bias, “para que este aumento da produtividade ocorra é essencial que os agricultores tenham acesso a semente melhorada de qualidade e a preços acessíveis”.

Isso implica, segundo Bias, a existência de um sistema funcional de sementes e que seja eficiente ao longo de toda a cadeia, desde o melhoramento e produção de variedades, sistema de regulação e distribuição.

O IIAM possui actualmente variedades disponíveis e o desafio é garantir que estas variedades cheguem aos agricultores.

Na ocasião, o director disse que não existe uma única empresa capaz de garantir a disponibilidade de sementes em todo o país, razão pela qual se impõe a criação de um sistema diversificado cujas companhias produtoras e distribuidoras de sementes estejam próximas dos agricultores.

“Temos que garantir que a semente chegue aos agricultores porque queremos garantir verdadeiramente uma Revolução Verde em Moçambique”, frisou.

Actualmente, o IIAM já está a entrar num outro estágio, da produção de híbridos em Moçambique, algo que exige conhecimentos, e tecnologia por parte dos produtores de sementes.

Bias também abordou a necessidade de se fortalecer o sistema de fiscalização de sementes dos produtores, porquanto apenas uma pequena fracção de agricultores moçambicanos tem acesso a semente melhorada.

“Segundo um inquérito realizado pelo Ministério da Agricultura, a percentagem não ultrapassa os 10 por cento da população. Por isso, temos que triplicar ou quadruplicar este acesso por parte dos agricultores. Temos de aumentar extraordinariamente este acesso, se quisermos ver a produtividade a melhorar em Moçambique”, vincou.

Tomando a palavra, o director do Programa da AGRA Para o Sistema de Sementes Africanas (PASS), Joe DeVries, destacou a importância do uso de sementes melhoradas, citando como exemplo o caso do Mali onde a introdução de uma variedade híbrida da mapira resultou em um aumento da produtividade de um para cerca de 3 a 4 toneladas por hectare.

Aliás, explicou DeVries, durante muito tempo os Estados Unidos da América (EUA) não conseguiram ultrapassar uma produtividade de 1,5 toneladas por hectare no período compreendido entre 1865 e 1935. “Mas, graças a introdução de novas variedades a mesma disparou para 11 toneladas por hectare nos finais do século 20 e com tendência a aumentar”, acrescentou.

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