O custo global de vida em Moçambique agravou-se, nos primeiros meses de 2010, em cerca de 30%, o que obriga mais de metade da sua população a sobreviver de ganho-ganho, prática que consiste no carregamento pelas costas e/ou na cabeça de produtos comprados nas lojas e mercados em troca de valores monetários “insignificantes”, segundo resultados de uma pesquisa patrocinada pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN).
As conclusões do estudo realizado de Janeiro a Agosto de 2010 indicam que o peixe foi o alimento que teve maior peso no encarecimento da cesta básica em Moçambique, realçando que Maputo e Cabo Delgado são regiões “duramente fustigadas” pelo elevado custo da cesta básica mínima para um agregado familiar de cinco membros.
“Aumentos superiores a 30% são ameaça para a segurança alimentar porque limita o acesso aos alimentos básicos”, enfatiza o SETSAN que é um órgão inter-ministerial integrando representantes de vários departamentos governamentais nacionais e organizações do sistema das Nações Unidas.
Fonte de aquisição de alimentos
A pesquisa sobre o actual estágio de segurança alimentar e nutricional, em Moçambique, concluiu também que as províncias do Sul do país dependem mais de compras de raízes e tubérculos, enquanto que o Norte tem a sua fonte de alimentos e rendimentos na própria produção agrícola.
Por outro lado e no concernente ao abastecimento de água e saneamento do meio, as conclusões do estudo destacam que Zambézia possui menos agregados familiares com acesso à água potável, seguida pelas províncias de Inhambane e Cabo Delgado. Na época seca, mais de 50% dos agregados familiares não têm acesso à água potável e percorrem grandes distâncias ou esperam muito tempo para a busca deste precioso líquido.
Finalmente, aponta o documento apresentado semana passada em Maputo que o uso de latrinas pelos agregados familiares continua a ser muito baixo, numa percentagem que ronda entre 2% a 25%.
Norte & Sul
Em geral, as reservas alimentares duram até seis meses, no Norte de Moçambique, e apenas três meses no Centro e Sul do país, indica o SETSAN, destacando que em Tete e Manica cerca de 60% de agregados familiares têm níveis de consumo “pobres” e nas restantes províncias a maior parte tem um consumo “adequado” mas cerca de 5% dos agregados familiares têm um consumo pobre.

